É hora sagrada pra lida de peão campeiro A madrugada num suspiro de arremate Pincho os recau no alvoroço do ovelheiro E outro pucho pro cisqueiro na desencilha do mate Um padre nosso antes do romper da aurora Porque a memória guarda argum susto de doma Mas também sabe que os sonhos que a alma escora Moram na lida que aflora no alevianar da cambona Ainda sinto o gosto do amargo na goela Fazendo dueto com fumo de corda e falha buena Cincha arrochada no estilo quebra-costela E o sonido da barbela me inticando as nazarenas É o velho jeito que um campeiro encilha o dia Pingo de aguente e cusco bueno pra empreitada Se ergue o poncho e aperta o mate ainda no escuro E o angico empeca susurros fazendo pouco da geada No fim da tarde, espicho a vista no horizonte E na minha sombra que se alonga pelo chão Cruzo a guapeada, pero, um buenas nunca basta E um choro de espora arrasta o cotovelo pro balcão Mas lembro a linda virando o mate da volta E uma saudade dentro ao peito me judia Então me aprumo que esta saudade não solta E o ovelheiro faz a escolta pras desencilhas do dia É o velho jeito que um campeiro encilha o dia Pingo de aguente e cusco bueno pra empreitada De tardezita, uma apeada na pulperia Dois gole e uma parceria pra prosear das campereadas