Primeiro Vou-te adormecer com éter Teus sonhos violentos, embalar-te-ão Vestido rasgado Procuro teu corpo prostrado no divã Acaricio-o inerte, débil Profanação constante Fecho os olhos, não posso ver Abro os teus olhos, quero sentir-te viva Mas adormeci-te com éter E tu desprezas-me Adormecida pelo éter Teu sonho é violento Teu corpo que se desfaz a cada beijo Teu cheiro torna-se insuportável para mim O prazer - era antes minha insanidade Minha loucura - é agora um corpo disforme Náuseas, asco do ar que respiro Das minhas mãos, do teu, do meu corpo… Adormeci-te com éter E agora acordas com os meus gritos E vês-me afundar no negro que se abre sob os meus pés.