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#TBT: Há 55 anos, os Beatles desbancavam Elvis nas paradas de sucesso

Elvis Presley levou rock pra Inglaterra

Elvis Presley sempre frequentou paradas de sucesso (Foto/Divulgação)

Quando o assunto é rock, cultura pop, indústria fonográfica ou qualquer outro tema musical, poucas verdades são incontestáveis. O que não se pode negar, no entanto, é que pensar na música feita no século XX sem citar Elvis Presley e/ou Beatles, é “improvável, é impossível”, como já diziam os caras do Skank – banda influenciada pelo Rei do Rock e também pelos 4 Rapazes de Liverpool.

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Por mais que Chuck Berry, Fats Domino, Roy Orbison e vários outros tenham sido nomes fundamentais para que o rock and roll atravessasse o Atlântico e conquistasse a Europa, Elvis Presley foi o cara que realmente mostrou mostrou aos garotos do velho continente a força da – até então – nova música jovem americana. Com pose de galã, talento inquestionável e um visual excêntrico, Elvis acabou sendo “O” modelo a ser copiado. Inevitavelmente, John Lennon, Paul McCartney, Ringo Starr e George Harrison foram diretamente influenciados pelo primeiro artista que fez o rock revolucionar a indústria cultural.

Quarteto é referência na cultura pop

Quarteto quebrou hegemonia de Elvis (Foto/Divulgação)

Apesar dos pesares, chegou uma época em que a “criatura superou o criador”. Neste post, você vai relembrar/conhecer o episódio que os Beatles desbancaram Presley nas paradas de sucesso. Bora consumir mais um pouco de cultura pop?

Elvis Presley, um ser olimpiano

Certamente você já ouviu ou leu por aí a respeito de um sujeito chamado Sam Phillips, um produtor musical americano. Na década de 1940, ele atuou como DJ e programador de rádio. Já nos aos de 1950, abriu o estúdio “Memphis Recording Service” e abriu espaço para que artistas amadores gravassem material. Com sua visão empreendedora, o produtor negociou as faixas com as grandes gravadoras, que trataram logo de fazer seu trabalho de distribuição.

Elvis Presley é um ícone dos nossos tempos

Rebeldia de Elvis desafiou os padrões da época (Foto/Divulgação)

No geral, o estúdio era frequentado por artistas negros e marginalizados. Havia segregação racial e aquela música ruidosa, que misturava blues, country e gospel, não caia bem aos olhos do conservadorismo. Porém, num belo dia, Phillips teve mais uma visão empreendedora e disparou a clássica frase:

Se eu encontrasse um garoto branco que tivesse o som negro e o sentimento negro, eu faria um milhão de dólares

Como as cosias são como devem ser e o universo sempre conspira a favor, Phillips achou o seu garoto de ouro. O nome dele, como você já deve imaginar, era Elvis Presley. De lá pra cá, a indústria fonográfica deu uma reviravolta e começou a era da idolatria no meio musical. Com muito talento, carisma e um repertório eclético e escolhido a dedo, Presley não precisou de muito tempo para assumir o reinado do rock. Como consequência, o “garoto branco de voz negra” virou um ser olimpiano, isto é, uma espécie de mentor que passou a ditar normas de comportamento, tendência de vestuário e tudo mais que fosse inerente ao universo jovem.

O apelo popular em torno da figura mítica de Elvis Presley foi algo sem precedentes. Uma vez dialogava com vários estilos de música – incluindo gospel – seu trabalho era consumido por vários públicos diferentes. Esse imenso alcance musical de Elvis foi materializado em 1958, quando ele conseguiu emplacar 9 canções no Top 100 da Billboard. Pela primeira vez na história da publicação, um mesmo artista conseguiu conquistar tamanho espaço no principal ranking de músicas da indústria fonográfica. Confira abaixo quais foram as canções:

  • “Treat Me Nice”
  • “Don’t”
  • “I Beg of You”
  • “Wear My Ring Around Your Neck”
  • “Doncha’ Think It’s Time”
  • “Hard Headed Woman”
  • “Don’t Ask Me Why”
  • “One Night”
  • “I Got Stung”

Dali em diante, a música realmente entrou nos radares do ponto de vista comercial. Mas, antes de tudo e acima de qualquer coisa, fazer rock and roll passou a ser um o mais divertido dos ótimos negócios.

Beatles, os comandantes da “invasão britânica”

Ainda em meados da década de 1950, em pleno reinado de Elvis Presley, o rock chegou na Inglaterra. Chegando na “Terra da Rainha”, o estilo foi abraçado pela juventude e, consequentemente, músicos ingleses começaram a montar banda. Na cidade de Liverpool, por exemplo, surgiu o The Quarrymen – grupo que serviu de embrião para o nascimentos do “Fab Four”.

No começo dos anos 60, o Quarrymen já não existia e uma formação reformulada deu origem aos Beatles. Em março de 1963, o quarteto lançou seu álbum de estreia, o clássico “Please Please Me”, e colocou em cena uma sonoridade simples, direta e alto astral. Ao longo de 30 semanas, o disco ocupou o primeiro lugar das paradas de sucesso do Reino Unido. Na ocasião, o quarteto só foi desbancado por si mesmo, com segundo trabalho da carreira, “With The Beatles”.

The Beatles, ícones do século XX

Quarteto idolatrava Elvis (Foto/Internet)

Com dois álbuns bastante populares, a banda potencializou o surgimento da “beatlemania”, um fenômeno de adoração mais fanático do que a idolatria que Elvis conquistou anos antes. Porém, o quarteto e a indústria fonográfica queriam bem mais! Já que primeiro conquistaram Liverpool e depois a Inglaterra, os Beatles partiram rumo à conquista do mundo.

Puxada pelo lançamento do disco “A Hard Days Night”, em 1964, a banda conseguiu combustível suficiente para fazer o rock novamente cruzar o Atlântico. De olho neste admirável mundo novo, os Beatles se tornaram os comandantes da “invasão britânica” – termo usado pela mídia para descrever o influxo de artistas oriundos do Reino Unido que se tornaram populares na América do Norte.

No dia 28 de março de 1964, há exatos 55 anosos Beatles emplacaram 10 canções no Top das 100 mais tocadas da Billboard, quebrando o recorde de Elvis Presley, que durou sete anos. Com a entrada dos singles “Can’t Buy Me Love”“All My Loving”, ambos do álbum “A Hard Days Night”, e “Do You Want To Know A Secret”, faixa do “Please Please Me”, no Top 100, a banda conseguiu superar o feito de Elvis no principal ranking de músicas da indústria fonográfica

Na lista abaixo, você confere quais foram as músicas que fizeram a banda destronar Elvis:

  • “She Loves You”
  • “I Want To Hold Your Hand”
  • “Twist And Shout”
  • “Please Please Me”
  • “I Saw Her Standing There”
  • “Can’t Buy Me Love”
  • “From Me To You”
  • “Roll Over Beethoven”
  • “All My Loving”
  • “Do You Want To Know A Secret”

No mês seguinte, os Beatles emplacaram 14 músicas na lista. Ciente do consumo voraz do público norte-americano, a banda passou a tocar em estádios, investiu na produção de filmes e conquistou lugar cativo nos principais meios de comunicação de massa. Depois disso, como você já sabe, tudo que veio depois carrega no DNA a influência de John, Paul, George e Ringo.

Dê o play e confira o vídeo de um dos hits responsáveis pela façanha do quarteto:

Rivais, sim; inimigos… talvez

Por mais que os Beatles tenha quebrado recordes de Elvis, a vaidade não azedou o relacionamento entre os ícones. De certa forma, os artistas se admiravam mutuamente.

Artista segura revista estampada com o rosto dos Beatles

Elvis não ignorou a existência dos Beatles (Foto/Divulgação)

Quando os Beatles foram pela primeira vez a Hollywood, em 1964, milhares de fãs anônimo e famosos queriam conhece-los pessoalmente. Porém, segundo John Lennon, a única pessoa que eles gostariam de conhecer era ele, Elvis Presley. Naquele oportunidade, no entanto, o encontro não rolou.

Mais de um ano depois da tentativa frustrada de encontrar com o Rei, os súditos britânicos finalmente realizaram o desejo. Em 27 de agosto de 1965, depois de três dias de planejamento, o encontro aconteceu em Bel Air.

Astros do rock se encontraram uma única vez

Beatles e Elvis se encontraram apenas uma vez (Foto/Internet)

No início, os Beatles ficaram acanhados. Paul, John e Ringo sentaram ao lado de Elvis e George se sentou com as pernas cruzadas, no chão. Depois de um tempo, o Rei quebrou o gelo e deu a deixa para que o encontro realmente valesse a pena.

Se vocês vão ficar aqui só olhando para mim, eu vou para a cama. Não queria que isso acabasse com um bando de súditos visitando o rei. Pensei que íamos relaxar, conversar sobre música e tocar um pouco

Na sequência, Elvis ordenou que alguém pegasse as guitarras. Em questão de segundos, segundos três instrumentos tinham sido plugados nos amplificadores na sala. Curiosamente, o anfitrião estava empunhando um baixo e pegou umas coordenadas com Paul. Depois de um tempo, tocaram “You’re my world”, de Cilla Black, além das clássicas “That’s Alright (Mama)”, “Blue Suede Shoes” e “I Feel Fine”, com direito a Paul improvisando no piano. Todos estavam se divertindo, exceto Ringo, que ficou apenas olhando para os músicos e batendo com as mãos na cadeira. “É uma pena termos deixado a bateria em Memphis”, lamentou Elvis.

De acordo com de acordo com Tony Barrow, assessor de imprensa dos Beatles na década de 1960, a banda percebeu que a reunião havia acabado quando um representante de Elvis, o coronel Tom Parker, entrou no quarto com uma bolsa de presente para cada um dos integrantes, que trazia os grandes sucessos do rei do rock.

Elvis Presley “dedura” os Beatles

Muita coisa aconteceu nos cinco anos que vierem depois do encontro. Os Beatles tinha se separado, por exemplo, e Elvis Presley já tinha tirado um pouco do pé do acelerados. Se Lennon estava mais preocupado com seu posicionamento, Elvis também priorizava outros interesses.

Em 1970, o músico embarcou num voo de Los Angeles para Washington. O objetivo? Simples: uma reunião secreta com o então presidente Richard Nixon. Na conversa, o artista iria “pedir um cargo no FBI” para denunciar nomes que estariam influenciando a juventude americana contra o governo, já que os EUA viviam um momento de movimentos contra a Guerra do Vietnã e o racismo, por exemplo, e ícones como John Lennon vestiam as camisas dos ativismos.

Elvis se colocou à disposição do FBI

Elvis pediu emprego ao então presidente Nixon (Foto/Divulgação)

No voo até a capital, Elvis redigiu uma longa carta endereçada a Nixon. No documento, o artista se colocou à disposição para ajudar a combater os “comunistas” e os Panteras Negras, conforme você confere nos trechos livremente traduzido do textão escrito pelo Rei do Rock:

A cultura das drogas, os elementos hippies, o SDS [organização de esquerda chamada Students for a Democratic Society], Panteras Negras, etc, não me consideram como seu inimigo ou como eles gostam de chamar ‘o establishment’. Eu chamo isso de Americano e amo tudo.

Posso ser muito útil se fosse nomeado como Agente Federal e vou ajudar da minha maneira através de comunicações com as pessoas de todas as idades. Antes de tudo, sou um entertainer, mas tudo que preciso é de credenciais federais.

Fiz um estudo profundo sobre o abuso de drogas e as técnicas de lavagem cerebral dos comunistas e eu estou no meio de tudo, onde posso e vou fazer o bem.

No mesmo documento, Elvis também aproveitou a oportunidade para criticar os Beatles e colocá-los no balaio dos que advogavam a favor do “anti-americanismo”.

Os Beatles vieram para esse país, ganharam fortunas e voltaram para a Inglaterra, onde promoveram uma campanha contra os Estados Unidos

Após “denunciar os colegas de profissão”, Elvis Presley ganhou o título de “Agente Federal Honorário” e um distintivo do FBI. No fim das contas, ele saiu de Washington com o que queria: mais um item para sua coleção pessoal.

Anos depois quando a história sobre a reunião de Elvis com Nixon veio à tona, muitos questionamentos surgiram em cena. Quando perguntado sobre o assunto, Ringo Starr chegou a dizer que Presley tentou “banir” a banda dos EUA.

Ringo tocou na maior banda de todos os tempos

Ringo acusou Elvis de sabotagem (Foto/Divulgação)

Agora que você já sabe bastante sobre as peripécias envolvendo Beatles e Elvis, entre neste link e ouça algumas das melhores músicas do Fab Four! Se quiser curtir um som do Rei do Rock, basta conferir esta playlist aqui. Ah, e não se esqueça de compartilhar o post nas suas redes sociais 🙂

Foto de Gustavo Morais

Gustavo Morais

Jornalista, com especialização em Produção e Crítica Cultural. Pesquisador independente de música, colecionador de discos de vinil e mídias físicas. Toca guitarra, violão, baixo e teclado. Trabalha no Cifra Club desde novembro de 2006.

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