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Conheça a biografia de Raul Seixas

Hoje você vai passear pela biografia de Raul Seixas e conhecer a história de um dos maiores ícones do rock brasileiro!

Em 26 anos de carreira, Raul Seixas lançou 17 discos, marcados por grandes sucessos da música nacional. Além de rock, tocou baião, caipira, samba, soul, country… E, até hoje, toca no fundo da alma de quem o ouve.

Raul Seixas em show cantando e tocando guitarra em foto em preto e branco
Raul é histórico, lendário e inesquecível (Foto/Reprodução/Internet)

Completando 78 anos, há ainda quem pense que Raul pertencia a um público underground, alternativo. Porém, de alternativa, só a sociedade. Ele aparecia no Chacrinha, estava em trilha de novela e era, de fato, amado pelo grande público! Venha entender o porquê acompanhando este texto.

A maluca e bela vida de Raul Seixas

Se prepare, então, para conferir como se deu o estrondoso sucesso da carreira do Maluco Beleza. Do começo na música quando criança aos momentos de glória como compositor e o triste falecimento, abordaremos tudo de mais relevante da biografia de Raul Seixas. Confira!

Infância na Bahia e o rock’n’roll

Raul Seixas nasceu em Salvador, em 28 de junho de 1945, herdando o nome do pai e do avô paterno. E não foi uma criança fácil. Assumia que a única coisa que aprendeu na escola foi como odiá-la.

Nosso Raulzito reprovou três vezes no colégio! Preferia ficar na loja Cantinho da Música, onde matava aulas ouvindo os LPs do então recém-nascido rock and roll.

Os livros eram outra paixão. Mergulhava na vasta biblioteca do pai, repleta de clássicos da literatura. Queria até ser escritor, como o conterrâneo Jorge Amado.

Raul adorava escrever contos, poesias e histórias em quadrinhos. Passava as tardes encenando suas fábulas para o irmão mais novo, Plínio, no quarto de casa.

Aos 15 anos, fundou, com o amigo Waldir Serrão, a “gangue rock styleElvis Rock Club, em 1959.

Raulzito e os Panteras

Na virada da década, vieram as primeiras bandas: Relâmpagos do Rock, que mudou mais tarde para The Panthers e, em seguida, Raulzito e os Panteras.

Foi pelos Panteras que Raul abandonou os estudos e foi para o Rio de Janeiro, a convite do amigo Jerry Adriani. Raul tinha acabado de passar no vestibular para Direito, Psicologia e Filosofia, mas o amor pela música falou mais alto.


Era 1967, ano em que os Beatles lançaram Sgt. Peppers Lonely Heart’s Club Band, álbum de sucesso que tinha Lucy In The Sky With Diamonds. Esse clássico do quarteto de Liverpool virou Você Ainda Pode Sonhar, na estreia do Raulzito e os Panteras.

Mas não deu certo, a banda se separou e a carreira balançou. Foi nessa época que Raul chegou a “passar fome na cidade maravilhosa”.

Raul Seixas produtor musical

A convite de um diretor da CBS Discos que havia conhecido na Bahia, o Maluco Beleza ocupou o cargo de produtor musical da gravadora em 1969. Raul foi um grande parceiro dos artistas da CBS naquele período.

Antes de Mosca na Sopa e outros clássicos, ele produziu e compôs sucessos para artistas de ponta da música brasileira, como Ed Wilson, Renato e Seus Blue Caps, Odair José, Diana e Jerry Adriani.

O ícone da Jovem Guarda, inclusive, dava uns toques preciosos na comunicação do baiano, que, na época, fazia umas músicas muito “herméticas”, segundo Jerry.

Sessão das 10

Na fase como produtor musical da CBS, Raul reuniu, em 1971, uma das maiores trupes de malucos que a música brasileira já teve notícia. Ao lado de Sérgio Sampaio, Edy Star e Miriam Batucada, lançou Sociedade Da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10.

Diz a lenda que o álbum foi feito às escondidas, enquanto o diretor da gravadora viajava. Esse mito se ancora no fato de que o trabalho não era lá algo que cairia no gosto dos chefes de uma fábrica de discos.

Inspirado em Frank Zappa e nos discos conceituais, Sessão das 10 traz colagens e vinhetas subversivas entre canções ainda mais experimentais. Não foi sucesso, mas virou cult.

Festival Internacional da Canção

No ano seguinte, Raul iria produzir o primeiro disco de Sérgio Sampaio. O cantor capixaba foi quem convenceu Raulzito a participar do Festival Internacional da Canção daquele ano. Foi quando o próprio Sérgio emplacou o sucesso Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua.

Já Raul apresentou duas músicas no evento: Let Me Sing, Let Me Sing (interpretada por ele) e Eu Sou Eu, Nicuri É o Diabo (apresentada por Lena Rios & Os Lobos). Com a chegada de ambas à final da competição, Raul acabou contratado pela gravadora Phillips.

Paulo Coelho e o início da carreira solo

Nessa mesma época, Raul ficaria encantado com um artigo sobre extraterrestres, publicado na revista A Pomba. Ele procurou o autor e conheceu o futuro amigo e parceiro musical Paulo Coelho.

Estava para começar a fase de ouro da biografia de Raul Seixas. Seus quatro primeiros discos solo não são apenas clássicos do rock nacional dos anos 70, mas obras-primas imortais da música brasileira. Krig-Ha, Bandolo (1973), Gita (1974), Novo Aeon (1975) e Há 10 Mil Anos Atrás (1976).

O primeiro álbum

Batizado com o grito de guerra de Tarzan, que significa “cuidado, eu mato”, Krig-Ha, Bandolo abre com um Raul adolescente cantando Good Rockin’ Tonight, de Elvis.

Em seguida, traz hinos como Mosca na Sopa, Ouro de Tolo e Metamorfose Ambulante. Essa última, diz mais uma lenda, teria sido escrita por Raul aos 12 anos de idade.

Já no show de lançamento do disco, o gibi-manifesto A Fundação de Krig-Ha foi apreendido e queimado por agentes da ditadura militar. Por isso, desde então, Raul e Paulo Coelho passaram a ser vigiados pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).

A Sociedade Alternativa

A coisa piorou com o anúncio da Sociedade Alternativa. O conceito era baseado na Lei da Thelema, exibida no Livro da Lei, do bruxo inglês Aleister Crowley. Vieram dali lemas como “faz o que tu queres, pois é tudo da lei” e “cada homem e cada mulher é uma estrela”.

A Sociedade Alternativa quase chegou a ter uma sede. Tratava-se de um terreno em Minas Gerais, que iria se chamar Cidade das Estrelas.

Prisão e exílio

Com ideias de liberdade em pleno regime autoritário, Raul Seixas e Paulo Coelho acabaram presos e torturados. O pretexto eram as parcerias da dupla, gravadas no álbum Krig-Ha, Bandolo, que já passava das 100 mil cópias vendidas.

Após exílio nos Estados Unidos (onde Raul teria conhecido John Lennon), a dupla voltou ao Brasil para lançar o álbum Gita. O hit Sociedade Alternativa estava lá, ao lado da faixa-título, com letra baseada no Bagavadeguitá, clássico texto religioso hindu, do século IV a.C.

Gita, Novo Aeon, Há 10 Mil Anos

Também fazem parte de Gita Medo da Chuva, SOS, O Trem das 7 e As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor. Não é de se espantar que a produção tenha sido certificada como disco de ouro!

Logo depois, Novo Aeon chegou às lojas, em 1975. Apesar de contar com sucessos imortais, como Tente Outra Vez, Rock do Diabo, A Maçã e Tu És o MDC da Minha Vida, o disco não vendeu muito.

A popularidade voltou com o trabalho seguinte. Há 10 Mil Anos Atrás emplacou nas paradas de sucesso Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás, Meu Amigo Pedro e Eu Também Vou Reclamar.

Novos caminhos

Daí para frente, a parceria com Paulo Coelho iria esfriar um bocado. As colaborações entre os dois seriam cada vez mais raras.

No disco O Dia Em Que A Terra Parou (1977), o primeiro pela gravadora WEA, Raul apresenta um novo colega: o compositor Cláudio Roberto. É dos dois a música mais cantada de Raul até hoje: Maluco Beleza.

Nessa época, os problemas com álcool começam a ficar mais sérios, levando Raulzito a perder um terço do pâncreas!

Os anos 80

Em 1980, já de volta à CBS, Raul lança Abre-Te Sésamo. No disco, hits como Aluga-se e Rock Das Aranha.

Mesmo com lançamentos escassos, o sucesso de Raul era incomparável. Em 1982, mais de 150 mil pessoas assistiram ao seu show na praia do Gonzaga, em Santos.

No mesmo ano, uma história digna de Raul: bêbado e sem documentos, ele não foi reconhecido em um show dele próprio na grande São Paulo. Por isso, acusado de ser um impostor, acabou preso!

Já em 1983, Raul se tornou o Carimbador Maluco e conquistou as crianças do Brasil, no especial da TV Globo Plunct, Plact, Zuuum.

Raul no ostracismo

Nos anos 80, com o alcoolismo e a diabetes, a saúde de Raul se deteriorou. Discos instáveis, shows criticados, poucos sucessos…

Em 1987, ele participou de um disco do Camisa de Vênus, se aproximando do cantor e compositor Marcelo Nova. No ano seguinte, o último disco solo de Raul, A Pedra do Gênesis, foi lançado.

Já em 1988, ele sobe ao palco pela primeira vez depois de três anos sem shows, para apresentações em Salvador, ao lado de Marcelo Nova. A parceria se expandiu para uma turnê de 50 shows pelo Brasil.

A morte de Raul Seixas

As composições dos dois baianos, dentre elas o sucesso Carpinteiro do Universo, são registradas no álbum A Panela do Diabo (1989), lançado um dia depois da morte de Raul. O LP vendeu 150 mil cópias, rendendo um disco de ouro póstumo.

No dia 21 de agosto de 1989, ele havia sido encontrado morto em casa, vítima de parada cardíaca, resultado de uma pancreatite aguda.

Ameaças de roubo do seu corpo e da sua lápide marcaram todo o velório, realizado no Anhembi (SP).

De lá para cá, a idolatria só aumentou. Até perdemos a noção do tamanho do Raul, como acontece com as grandes lendas da nossa história.

A biografia de Raul Seixas só não é mais incrível que sua música! Que tal compartilhar esse artigo com outros raulseixistas, enquanto curte os clássicos do Maluco Beleza? Inclusive, se você também toca, que tal aprender as melhores músicas de Raul Seixas no violão?

Foto de Geraldo Paim

Geraldo Paim

Jornalista e produtor de conteúdo. Fissurado em música e ligado em artes, história e crítica cultural. Cantor e compositor, além de tocar violão, guitarra, piano e baixo.

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