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Charlie Brown Jr.: confira os discos e relembre a trajetória da banda

Quando o assunto é rock brasileiro, as unanimidades são poucas. Os temas são muitos e, consequentemente, as discordâncias também. Porém, uma coisa ninguém discorda: a banda santista Charlie Brown Jr. é uma das mais importantes da geração surgida nos anos 90.

Um artista para ser lendário, geralmente, coleciona grandes trabalhos. No caso da música, as turnês e a discografia são duas das variáveis que indicam a relevância de uma trajetória. E desse papo todo, o Charlie Brown sempre entendeu muito bem!

E é por isso que, como forma de celebrar um pouco a importância do legado desse grupo tão ímpar na música brasileira popular, o texto de hoje é sobre os álbuns de estúdio da banda. Quer saber mais sobre esse tesouro do rock nacional? Então se liga, pois vou te aplicar os seguintes discos:

  • Transpiração Contínua Prolongada
  • Preço Curto… Prazo Longo
  • Nadando com os Tubarões
  • 100% Charlie Brown Jr. – Abalando a Sua Fábrica
  • Bocas Ordinárias
  • Tamo Aí na Atividade
  • Imunidade Musical
  • Ritmo, Ritual e Responsa
  • Camisa 10 (Joga Bola até na Chuva)
  • La Família 013

A discografia do Charlie Brown Jr.

Na ativa entre os anos de 1992 e 2013, a banda produziu uma discografia boa em quantidade e em qualidade. Com bastante competência, coerência e autenticidade, o Charlie Brown lançou 10 discos de estúdio, 3 trabalhos ao vivo [incluindo um Acústico MTV]e 5 coletâneas.

Formação original do Charlie Brown Jr. (Foto/Divulgação)

Muito bem relacionados com a linguagem música e imagem, eles lançaram 6 DVDs e 31 clipes. É muita coisa, né? E o melhor: a obra do CBJR sempre foi nivelada pra cima. A seguir, vamos passear pelos discos desta que sempre será uma das maiores bandas do rock nacional.

Transpiração Contínua Prolongada

Lançado em 1997, o álbum de estreia do CBJR deu uma sacudida no rock nacional. Com produção de Rick Bonadio e Tadeu Patolla, o disco apresentou uma sonoridade pesada, mas ao mesmo tempo comercial. O bagulho é cheio de reggae, ska, hard core, hip hop e pop rock.

Primeiro disco do Charlie Brown Jr. agitou o rock nacional (Divulgação)

Bastante despojados, “os caras do Charlie Brown invadiram” as rádios, a MTV, e colocaram 5 hits no legado do rock nacional. Relativamente carente de novos ídolos, os roqueiros jovens daqueles tempos se identificaram com o jeito marginal de ser de Chorão e companhia.

Preço Curto… Prazo Longo

Nem sempre um artista consegue repetir a façanha do álbum de estreia. Porém, no de 1999, a banda superou a “síndrome do segundo disco” e deixou claro que realmente tinha vindo para ficar.

Banda manteve nível de qualidade em segundo disco (Divulgação)

Novamente propondo uma sonzeira da pesada, mas que se encaixou como luva nos padrões radiofônicos, o CBJR emplacou os sucessos Não Deixe o Mar Te Engolir, Confisco, Zoio de Lula e Te Levar. Resultado: 250 mil cópias vendidas – número este espetacular para uma banda de rock.

Nadando com os Tubarões

O Charlie Brown entrou no ano 2000 mais melódico, menos pesado e sem a produção de Rick Bonadio. Em seu terceiro álbum, a banda tirou um pouco o pé do acelerador e apresentou canções de andamento mais lento. Parte dessa mudança foi por causa da maior visibilidade que o hip-hop ganhou no trabalho do quinteto.

Disco foi o último com a formação original (Divulgação)

Apesar de ter vendido bem menos do que seus antecessores, Nadando com os Tubarões manteve o grupo na elite do rock nacional. De Norte a Sul e de Leste a Oeste, a juventude brasileira se rendeu aos clássicos Não É Sério, A Banca e Rubão, o Dono do Mundo. Foi o último trabalho com a formação original, já que o guitarrista Thiago Castanho, alegando problemas de agenda, saiu da banda após a turnê deste álbum.

100% Charlie Brown Jr. – Abalando a Sua Fábrica

Lançado em 2001, o disco marcou uma importante mudança na formação da banda: a saída do guitarrista do Thiago Castanho. Ficou nas habilidosas mãos de Marcão a missão de conduzir as seis cordas do CBJR. Além disso, foi o primeiro álbum da banda que não contou com participações de músicos convidados.

Álbum marcou a estreia de uma nova formação do CBJR (Divulgação)

Outra mudança visivelmente sentida foi na sonoridade, que não flertou tanto assim com o hip hop e focou mais no lado rocker do CBJR. Pela primeira vez na carreira do grupo, Bonadio e/ou Patolla ficaram de fora da produção. Apesar de tantas modificações, o agora quarteto emplacou os hits Hoje eu Acordei Feliz, Como Tudo Deve Ser e a inconfundível balada Lugar Ao Sol.

Bocas Ordinárias

O quinto álbum de estúdio do Charlie Brown chegou ao mercado em 2002. Novamente sob a produção de Tadeu Patolla, a banda recuperou a pegada mais pesada, a linguagem irreverente e a sonoridade radiofônica tão emblemática do começo de carreira.

A irreverência de Bocas Ordinárias começa no título, passa pela capa e é simbolizada nas músicas (Divulgação)

Apesar de ter colocado apenas dois singles nas paradas de sucesso, as ótimas Papo Reto (Prazer É Sexo, o Resto É Negócio) e Só Por Uma Noite, Bocas Ordinárias vendeu mais de 500 mil cópias e passou a ser o disco de estúdio mais vendido da carreira da banda.

Tamo Aí na Atividade

Em seu sexto disco, a banda experimentou seu momento de maior turbulência interna. Lançado em 2004, o álbum foi o último a contar com o baterista Renato Pelado. Na sequência, Champignon e Marcão também tiraram o time do campo.

Embalado pelos hits Champanhe e Água Benta e Tamo Aí na Atividade, em 2005, o álbum rendeu à banda o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro. A produção da obra foi assinada por um velho conhecido dos caras: Rick Bonadio.

Imunidade Musical

Ainda celebrando a conquista do Grammy Latino, em 2005, o Charlie Brown experimentou mais mudanças no elenco. O guitarrista Marcão se mandou, mas foi substituído por Thiago Castanho, membro da formação clássica da banda. Além disso, a bateria ficou a cargo de André Ruas, o popular Pinguim, e o baixo foi para nas mãos de Heitor Gomes.

Disco que ganha Grammy precisa de apresentação? (Divulgação)

Contando com o toque de midas de Bonadio, o grupo lançou o disco Imunidade Musical. Entre outras características, o álbum apresentou uma sonoridade mais influenciada pela cultura hip hop. Com mais de 100 mil unidades vendidas, o trabalho rendeu os sucessos Lutar Pelo Que É Meu, Dias de Luta, Dias de Glória, Ela Vai Voltar e Senhor do Tempo.

Ritmo, Ritual e Responsa

Em seu novo disco de estúdio, a banda santista registrou 23 faixas que fazem parte da trilha sonora do filme O Magnata, que é o primeiro longa metragem roteirizado por Chorão. A produção do álbum, inclusive, ficou por conta do vocalista e do guitarrista Thiago Castanho.

23 músicas inspiradas por momentos de reflexão (Divulgação)

Outro ponto emblemático do trabalho é o destaque ainda maior para as letras existenciais. Menos irônicos e mais contemplativos, os deram aos fãs sucessos do naipe de Não Viva em Vão, Pontes Indestrutíveis, Be Myself e Uma Criança com Seu Olhar.

Camisa 10 (Joga Bola até na Chuva)

O disco foi o último com o baixista Heitor Gomes, e o primeiro com o batera Bruno Graveto. Lançado em 2009, o seu título faz referência ao fato de ser o décimo trabalho da banda. Com uma sonoridade menos agressiva e menos hip hop, o álbum é relativamente mais românico.

Boa parte da obra tem como foco as músicas sobre relacionamentos (Divulgação)

As letras, inclusive, trocam o jeito marginal de ser e focam mais em questões que envolvem relacionamentos. Naquela altura do campeonato, o Camisa 10 já não precisava fazer que o CBJR. provasse alguma coisa. Por essas e outras, a sólida e imensa base de fãs da banda se rendeu às baladas Só Os Loucos Sabem, Dona do Meu Pensamento e Me Encontra. Ah, esse disco também rendeu ao grupo um segundo Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro.

La Família 013

Com os retornos de Champignon e Marcão, em 2011, o Charlie Brown estava com 80% de sua formação clássica. No ano seguinte, o disco Música Popular Caiçara – Ao Vivo deixou claro que a química entre os caras ainda estava em dia.

De acordo com a programação da banda, um disco de inéditas seria lançado em setembro 2013. Tinha tudo para ser o disco de estúdio mais lendário da história do quinteto, pois, quase todo mundo que colocou esse bloco na rua estava envolvido. Fãs de rock brasileiro aguardavam esse trabalho ansiosamente.

Infelizmente, o rock nacional jamais verá esse disco tocado ao vivo (Divulgação)

Porém… nem tudo pode ser perfeito. Como você sabe, infelizmente, Chorão partiu para outra dimensão astral meses do lançamento do álbum. Seis meses após a morte do marginal alado do rock, o baixista Champignon cometeu suicídio.

Por mais que o seja um ótimo trabalho, La Família 013 carrega um inevitável sentimento de tristeza. Apesar dos pesares, a obra nos deu sucessos como Rock Star, Meu Novo Mundo e Um Dia a Gente Se Encontra.

Um Dia a Gente Se Encontra… Sim, Chorão e Champs: vocês deixaram saudades! E um dia, um dia a gente se encontra…

Charlie Brown Jr. atualmente

De 2013 pra cá, muita coisa rolou na trajetória do Charlie Brown. Guardada as devidas proporções, “os caras do Charlie Brown Jr. ‘ invadiram a cidade'” novamente! Atualmente, a turma está com turnê comemorativa Tamô Aí na Atividade, que contará com 23 shows entre os meses de julho e setembro.

O projeto conta com produção de Alexandre Abrão, herdeiro do espólio de Chorão“O intuito da turnê não é lançar disco, nada disso, é literalmente pegar a história do Charlie Brown, que é grande, linda e magnífica, e trazer para 2019, 2020, 2021”, afirma Alexandre.

Turnê celebra o legado imortal do Charlie Brown Jr. (Divulgação)

A banda da turnê conta com Marcão Britto (guitarra/vocais), Heitor Gomes (baixo) e Pinguim Ruas (bateria) – todos com passagem pelo CBJR. O principal vocalista do projeto é o Panda, membro da banda La Raza. Cabe a ele, inclusive, a missão de gerenciar o rodízio entre os cantores que farão participação especial nas apresentações.

Foto de Gustavo Morais

Gustavo Morais

Jornalista, com especialização em Produção e Crítica Cultural. Pesquisador independente de música, colecionador de discos de vinil e mídias físicas. Toca guitarra, violão, baixo e teclado. Trabalha no Cifra Club desde novembro de 2006.

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