Integrante do Far From Alaska fala sobre carreira, curiosidades e mais
Atualmente formada por Emmily Barreto [voz], Cris Botarelli [synths, lapsteel guitar, baixo, vocais], Lauro Kirsch (bateria) e Rafael Brasil (Guitarra), a banda Far From Alaska está na estrada desde 2012. Com origens na cidade de Natal, Rio Grande do Norte, mas atualmente radicado em “Sampa”, o quarteto é uma das grandes forças do rock na novíssima música brasileira.
Entre um rolê e outro, a polivalente Cris Botarelli tirou um tempinho e trocou uma resenha com o Cifra Club News. Ao longo de um bate-papo descontraído, Cris falou sobre carreira, mudanças na banda, deu conselhos e ate revelou curiosidades sobre a banda! Continue com a gente e, certamente, vai se divertir, aprender e se inspirar com a história dessa galera que tem mudado a cara do pop rock nacional.
CCN: como a banda conseguiu cativar um público fiel? Quão difícil foi para chegar onde estão atualmente?
Cris Botarelli: através da internet conseguimos espalhar o som pelo Brasil mesmo quando ainda morávamos em Natal, o que ajudou bastante a banda começar a fazer shows em outro show estados e etc. A parte mais difícil acho que foi ter que mudar de cidade, vir morar em São Paulo pra possibilitar mais e mais shows [era muito caro sempre sair de Natal para tour].
Ultimamente vocês têm feito bastante shows fora do Brasil. Quais são as principais diferenças entre o público brasileiro e o gringo?
Cris: muito se fala sobre a frieza do público gringo, mas a gente foi abençoado de ter sido recebido com muito carinho todas as vezes que fomos. Claro que a galera no Brasil é incomparável, poxa, nossa casa, nossa gente! Mas foi muito legal ver a galera gringa saindo de casa pra ver um show de uma banda que não conhecia [em muitos shows na tour foi assim], dando uma chance a algo novo. Aqui no Brasil a gente não tem tanto costume de sair pra ver algo novo, a gente vai pros shows das bandas que conhece geralmente. Eu diria, então, que é um costume legal da turma de lá que a gente podia copiar! Tanto se fala em apoiar a cena, seria um ótimo apoio a gente ir em shows de bandas desconhecidas, por exemplo, pra ficar por dentro do que ta rolando, descobrir e divulgar novos sons.
CCN: e como é a recepção do público lá de fora com uma banda de rock brasileiro?
Cris: muito legal, mesmo! O pessoal lá adora o Brasil e conhecem até mais da nossa música do que pensamos! As pessoas iam aos shows com curiosidade, pra conhecer mesmo, e gostaram muito! Sempre vinham falar conosco depois dos shows, parabenizar, falar que vão divulgar o som… foi massa!
CCN: quais são os maiores desafios de se ter uma mulher como vocalista?
Cris: nenhum desafio, é igual a ter um vocalista homem. Na verdade, eu, pessoalmente, diria ainda que é melhor uma mulher vocalista porque curto mais o estilo, mas quanto ao resto, é a mesma coisa.
Dê o play e confira o lyric video da versão acústica da música “Cobra”:
CCN: quais são as dicas que vocês dariam para as mulheres que querem formar uma banda de rock?
Cris: que façam uma banda, comecem a tocar, estudem seus instrumentos e, principalmente, curtam muito todo esse processo. É pra isso que se tem banda! Pra curtir! Só em ter uma banda de rock com meninas tocando, já é parte da mudança que a gente quer ver no meio musical, de democratizar o acesso, não precisa nem necessariamente ter uma temática feminista, por exemplo (mas se quiser pode, claro [risos]), o ponto é existir e ocupar os espaços! É isso que vai fazer as novas gerações seguirem o exemplo, meninas vendo meninas arrasando muito no palco, se identificando e se inspirando a fazer sua própria música. Representatividade importa!
CCN: como a FFA faz agora que não tem um baixista fixo? Pensam em chamar outro?
Cris: o FFA agora tem dois baixistas, na verdade! Eu e o Raffa dividimos a função, o show tá bem mais dinâmico, muito interessante de assistir e ver como a gente “se vira nos 30” entre vários instrumentos. Logo, não pensamos em chamar outra pessoa pra banda.
CCN: falando um poco sobre composições, como é que funciona o processo criativo da banda?
Cris: depende, as vezes começa com um riff de guitarra, as vezes com um vocal, aí juntamos as ideias de todos e trabalhamos juntos em alguns “esqueletos” até eles virarem música. A letra vem sempre no final.
Pra encerrar, uma curiosidade: já tiveram alguma briga feia, mas que hoje acham o motivo engraçado ou bobo?
Cris: uma vez brigamos feio e por horas pela cor da meia da capa do disco [Unlikely], e no fim acabamos por usar uma terceira meia [que não estava na briga] que inventamos depois! A meia escolhida virou até parte do nosso merch e a briga foi completamente inútil (risos).
Discografia – FFA
Álbuns de estúdio
- “modeHuman” (2014)
- “Unlikely” (2017)
EP
- “Stereochrome” (2012)
Singles
- “Dino vs. Dino” – (2014)
- “Relentless Game (feat. Scalene)” – (2015)
- “Surrendo (feat. Supercombo)” – (2015)
- “Chills” – (2016)
- “Collision Course (feat. Ego Kill Talent)” – (2017)
- “Cobra” – (2017)
- “Iron Lion Zion” – (2018)
- “Ghetto Blaster On The Moon (feat. Dot Legacy)” (2018)
P.S.:
a entrevista acima foi elaborada por Gustavo Morais e Daniel Moreira.
Gustavo Morais
Jornalista, com especialização em Produção e Crítica Cultural. Pesquisador independente de música, colecionador de discos de vinil e mídias físicas. Toca guitarra, violão, baixo e teclado. Trabalha no Cifra Club desde novembro de 2006.