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Conheça a história de Sergio Abalos, violonista argentino com sotaque brasileiro

Você confere agora a história do excepcional violonista Sergio Abalos, argentino com fortes relações com o Brasil!

Sergio Abalos tocando violão
Sergio Abalos é um músico de primeira, instrumentista fora de série (Foto/Reprodução)

No futebol, a rivalidade entre Brasil e Argentina é notória e explosiva. Porém, no mundo da música, mais especificamente do violão, a história é bem diferente – e muito mais amistosa. Prova disso é a carreira de Sergio Abalos, grande violonista argentino que tem forte conexão com o Brasil.

Nesse sentido, hoje vamos contar a interessante trajetória do instrumentista, que pertence a uma das famílias mais importantes da música argentina e morou no Brasil por anos. Afinal, é sempre muito válido aprender e se inspirar com exemplos de sucesso, não é mesmo?

Então, vamos lá!

A história do violonista argentino Sergio Abalos

Antes de mais nada, é importante saber por que a família de Sergio Abalos é tão essencial para a Argentina. O conjunto Los Hermanos Abalos, fundado em 1939, foi o primeiro a levar a música folclórica e popular do noroeste do país para âmbito nacional e internacional.

Assim, o grupo familiar foi uma influência fundamental para vários outros artistas importantes que surgiram depois. “Los Hermanos Abalos ganharam prêmios como o melhor grupo folclórico da história argentina, além de tocarem com a formação original por mais de 60 anos, o que é raríssimo”, contou Sergio Abalos em entrevista exclusiva ao Cifra Club.

Paixão de infância

O amor pela música surgiu cedo na vida de Sergio Abalos. Ainda criança, ele conheceu os clássicos eruditos a partir de uma brincadeira de família. “Meu avô tinha uma grande coleção de vinis. Então, minha mãe colocava os discos eruditos para tocar, e quem acertasse o compositor ganhava um chocolate ou uma bala”.

Essa fase marcou muito o então pequeno Sergio, que, com apenas quatro anos, já dizia que Bach era seu “guia espiritual”. E ele afirma: “Na verdade, ele ainda é. Considero Bach o ser que fez a principal revolução musical do mundo e da minha vida”.

Estudo formal

Nesse contexto, os pais de Sergio enxergaram o talento do garoto e logo o colocaram para estudar formalmente em escolas de música. “Conheci as partituras ao mesmo tempo em que aprendi a ler o alfabeto”.

Por sua vez, o violão virou protagonista quando ele estava no conservatório de Córdoba, momento em que apresentava forte influência das músicas erudita e barroca. Depois, o estudante conheceu também a música popular da Argentina e do Brasil – foi um caminho sem volta.

Em 2003, Sergio Abalos se mudou para Buenos Aires, onde atuou de forma intensa na cena do folclore e do tango, acompanhando artistas de renome.

Mudança para o Brasil e parceria com Sebastião Tapajós

Sergio Abalos também é pesquisador e divulgador de músicas e ritmos da América Latina. Assim, em 2009, ele se estabeleceu no Brasil, firmando uma parceria riquíssima com o lendário compositor e violonista Sebastião Tapajós.

Sebastião Tapajós e Sergio Abalos dividindo palco em show no Sesc São Paulo
Sebastião Tapajós e Sergio Abalos juntos em show (Foto/Reprodução)

“Foram anos dourados, de muita magia, aprendizado e felicidade. Mesmo formado em música erudita e já atuando como professor de violão, eu aprendi muito com ele, só de vê-lo tocando, digitando, harmonizando… Foi incrível. Estar perto de Sebastião foi a coisa mais extraordinária que ocorreu em minha trajetória musical”, relata o argentino.

A colaboração entre os músicos rendeu frutos sonoros inestimáveis, incluindo o disco Conversa de Violões, que traz tangos de Piazzolla e composições próprias.

Sergio contou que sua mente se expandiu no período em que morou no Brasil. “Considero que me formei musicalmente em Córdoba, abri as asas em Buenos Aires, mas realmente levantei voo no Brasil. Ao lado de Sebastião, evoluí muito, principalmente na parte harmônica“.

Características do violão argentino

Questionado a respeito das principais particularidades do violão argentino, Sergio não titubeia. “Sem dúvidas, a mão direita. Ou seja, o aspecto rítmico. É um som único, com harmônicos naturais e ampla diferenciação entre as frequências graves e agudas”.

Dessa forma, os argentinos usam o violão praticamente como um instrumento de percussão. Sergio também explicou que o país vizinho tem grande variedade de ritmos, cada um com uma técnica particular. Por exemplo, o tango tradicional de Buenos Aires utiliza palheta em vez dos dedos, mas sempre com movimentos para baixo.

“Não há palhetada alternada no tango dessa região da Argentina. Isso muda totalmente a intenção musical, exigindo precisão e habilidade. Além disso, o violão argentino possui muita presença, então cada nota tem de ter o seu peso”.

Sergio Abalos tocando violão em show ao lado de percussionista
Sergio Abalos demonstrando suas habilidades técnicas no violão em show (Foto/Reprodução)

Sobre as escolas argentina e brasileira de violão

De acordo com o violonista, poucos países podem se orgulhar de ter uma escola de violão. “Temos a escola espanhola, a argentina, a brasileira… Mas não há escola inglesa, japonesa ou africana de violão. Quando você ouve um violão brasileiro, bastam dois compassos para identificá-lo”.

Sergio Abalos conta que o violão verde e amarelo apresenta enorme desenvolvimento harmônico, com “fantásticas e modernas progressões”. Por outro lado, o violão argentino se destaca pela riqueza melódica.

“Ambos os países têm uma característica rítmica muito evidente também. No entanto, o violão brasileiro é mais dedilhado, enquanto o argentino é mais ‘rasgado’. Ao mesmo tempo, a escola argentina exige que o músico toque com força, enquanto a brasileira é mais sutil”, completa.

Prova disso é o tipo de encordoamento que ele usou ao longo da carreira. Na Argentina, utilizava tensão alta. Já quando fez a transição para o Brasil, mudou para média. Hoje, Sergio utiliza tensão baixa. “Isso permite que eu atinja a suavidade característica do violão brasileiro”, finaliza.

Novo disco 

Em nosso bate-papo, Sergio Abalos revelou que está saindo do forno um novo álbum muito interessante. Intitulado de Rumba Belém, o trabalho instrumental traz composições autorais da época em que o argentino morava no Brasil.

“Gravei o disco na Amazônia ao lado de Ney Conceição, um dos maiores baixistas do Brasil e do mundo, e de Márcio Jardim, que é a mais fina flor da percussão. Conheci esses músicos tocando com Sebastião”.

As músicas refletem o encontro de Sergio Abalos com a brasilidade, sem esquecer das influências erudita e argentina, além da presença sutil da sonoridade cigana.

Paralelamente, o músico continua trabalhando com aulas e transcrições. “Sempre gostei de transcrever músicas de outros instrumentos para o violão, fazendo arranjos especiais. Por exemplo, não há muito material de violão de sete cordas para a música erudita, então estou trabalhando nisso também”.

Divulgue a história de Sergio Abalos

E aí, curtiu conhecer a história do violonista argentino Sergio Abalos? Sem dúvida, ele é um músico fora de série, além de prova viva de que o intercâmbio musical gera resultados excepcionais.

Então, não deixe de enviar o link deste artigo para seus colegas que tocam violão e amam música, combinado? Assim, mais gente poderá conhecer essa trajetória de sucesso.

Em breve, publicaremos aqui no Blog mais histórias de músicos inspiradores. Fique por dentro!

Foto de Fernando Paul

Fernando Paul

Jornalista musical, com mais de 10 anos de experiência na área. Toca guitarra, violão e baixo, além de estudar mixagem de áudio. Já acompanhou cantores, tocou em casamentos e integrou bandas de rock e grupos de louvor. Escreve para o Cifra Club desde novembro de 2021.

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