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Especial Lupicínio Rodrigues: as melhores músicas, curiosidades e mais

Conheça a trajetória e o legado desse artista tão singular no cenário da música brasileira

Se o assunto é música brasileira, o gaúcho Lupicínio Rodrigues é pauta fundamental. Apesar de ter deixado poucos registros em disco, o cantor e compositor construiu um legado que reverbera ao longo das décadas. No texto de hoje, vamos conversar um pouco sobre esse personagem tão importante!

Lupicío Rodrigues canta e observa um copo de cerveja na mesa
Entre canções e goles de cerveja, assim vivia Lupicínio Rodrigues (Foto/Internet)

No decorrer deste nosso papo, você confere cifras, vídeos e algumas curiosidades sobre Lupi – assim ele era chamado desde criança. Boêmio confesso, ele foi dono de diversos bares, churrascarias e restaurantes na cidade de Porto Alegre [POA]. Além disso, trabalhou como bedel da Faculdade de Direito da UFRGS.

Apaixonado por sua cidade natal, POA, e gremista fanático, só morou fora capital gaúcha durante uns meses de 1939. Motivado pela revolução cultural do samba no Rio de Janeiro, ele foi conhecer o ambiente musical carioca.

De maneira geral, suas canções escancaram sentimentos, melancolia e dores de amores perdidos. Sempre abandonado por suas mulheres, e nascido com o dom da poesia, o compositor nunca teve dificuldades para transformar amor, traição e saudades em peças musicais. Seria, então, Lupicínio o pai da sofrência? Se não for, certamente ele é o padrasto! A seguir, vamos conferir um recorte dessa obra tão impactante!

As melhores músicas de Lupicínio Rodrigues

Lupicínio Rodrigues foi um dos principais compositores brasileiros surgidos na primeira metade do século XX. Entre o final da década de 1920 até agosto de 1974, Lupi foi perito em escrever marchinha de carnaval e samba-canção.

Capa do CD Loopcinio, de Thedy Corrêa, lançado em 2005
Disco de Thedy Corrêa em triputo a Lupicínio Rodrigues é item de colecionador (Foto/Internet)

O repertório inquestionável desse artista gaúcho foi revisitado,  gravado, regravado e popularizado por Jamelão, Francisco Alves, Ney Matogrosso, entre outros. Em 2005, o músico Thedy Corrêa gravou um disco inteiro com músicas de Lupicínio.

A seguir, você relembra das canções maravilhosas assinadas por Lupicínio Rodrigues.

Felicidade

Essa é uma das canções mais populares de Lupicínio! No tempo das revistinhas de cifra e métodos para tocar violão, Felicidade era uma das músicas mais presentes. A primeira gravação foi do Quarteto Quitandinha, em 1947. Depois, na década de 1970, virou hit com a regravação de Caetano Veloso.

Há um episódio em que Caetano encontrou Lupicínio, num bar, em Porto Alegre, depois de um show. O visual exótico de Caê causou estranheza nas pessoas ao redor. O gaúcho, então, acolheu o baiano e ambos passaram a madrugada toda conversando. Ah, como eu queria ser uma mosca e ouvir o que esses mestres tanto conversaram!

Nervos de Aço

O samba-canção Nervos de Aço foi gravado por Elza Soares, Paulinho da Viola e Francisco Alves. Por conta da vida boêmia que Lupicínio levava, uma mulher chamada Iná desistiu de ser a “senhora Rodrigues”. Como tudo na vida de Lupi virava música, os versos dessa canção surgiram quando o artista viu a ex-noiva casada e “nos braços de um tipo qualquer”.

Se Acaso Você Chegasse

Escrito em 1938, o samba Se Acaso Você Chegasse mostra o lado “talarico” de Lupicínio! A letra é uma referência ao episódio em que Lupi conta a Heitor Barros que estava tendo um caso com uma ex-namorada do amigo, sugerindo que o romance não matasse a amizade entre ambos. Anos mais tarde, Roberto Carlos cantou que estava “amando, loucamente, a namoradinha de um amigo”. Pescou a referência?

Esses Moços (Pobres Moços)

Quando soube que seu amigo e parceiro Hamilton Chaves iria se casar, Lupicínio Rodrigues teve que escrever uma música. A temática escolhida para abordar a letra, no entanto, não foi no sentido de “parabenizar”. Surgiu ali, então, a faixa Esses Moços (Pobres Moços).

Segundo contam, Lupi pensava que o companheiro era muito jovem para se casar – ele estava com 22 anos. Afinal, muitas gandaias ainda estavam por vir! O conselho, entretanto, não foi levado a sério, mas acabou virando uma canção bem popular.

Volta

“Volta, vem viver outra vez ao meu lado”, diz o célebre refrão da faixa Volta! Num passado relativamente distante, na voz de Fábio Jr., essa frase virou campanha publicitária, lembra? O que não tem como esquecer, entretanto, é que essa música é sofrência em estado mais puro. Afinal de contas, quem aí não quer de volta o love que deu o fora?

Vingança

Certa feita, uma namorada de Lupi tentou “pular a cerca”, mas ele ficou sabendo. Resultado? Bom… fim de relacionamento. Em seguida, os amigos dele a encontram num bar e, sem saberem do rompimento, perguntam por Lupicínio. Sem ter o que dizer, a jovem se caiu no choro. Ao saber do oceano de lágrimas da ex, o artista teve inspiração para escrever mais essa bela “dor de cotovelo” chamada Vingança.

Hino oficial do Grêmio F.B.P.A.

O terceiro e atual hino do Grêmio é pura poesia. A letra é uma exaltação ao amor incondicional, ao espírito de luta e à fidelidade. Tanta sinceridade assim, só poderia ter vindo da alma de um compositor do calibre sentimental de Lupicínio.

Em 1953, na ocasião de seu cinquentenário, o Grêmio promoveu um concurso entre os torcedores para criar um hino comemorativo. O vencedor da gincana foi Lupicínio Rodrigues, gremista fanático.

A letra foi escrita em um guardanapo do tradicional Restaurante Copacabana, em POA. Conforme a história mais comentada, a inspiração veio de uma greve de bondes em Porto Alegre. Obrigando, assim, Lupi e os gremistas a… irem a pé, até o estádio, para acompanhar um Gre-Nal.

Alô, nação tricolor gaúcha! Segue a videoaula de como tocar o hino do Grêmio no violão:

Como morreu Lupicínio Rodrigues?

Lupicínio Rodrigues morreu às 13h 30, do dia 27 de agosto de 1974, no Hospital Ernesto Dornelles, devido a uma insuficiência cardíaca. Ele estava internado havia seis dias.

De acordo com nota publicada no Jornal do Brasil, no dia 28 de agosto de 1974, “O corpo do compositor gaúcho foi velado no salão nobre do Grêmio Futebol Portoalegrense, clube de sua predileção e do qual é autor do hino oficial. O sepultamento será realizado está manhã no Cemitério São Miguel e Almas. O compositor de 59 anos deixou dois filhos – Lupicínio, de 20 anos, e Tereza, de 30, além da esposa Serenita, de 58 anos”.

O saudoso Lupi, conforme explicou a matéria do Jornal Opinião, publicada no dia 9 de setembro do mesmo ano, padecia de doenças bem sérias. Um amigo dele, no entanto, explicou a morte do artista do jeito mais poético possível, conforme você confere a seguir:

“No momento em que, como ele próprio dissera, ‘Os moços davam uma oportunidade à velha guarda’, e Caetano Veloso colocava nas paradas de sucesso seu Xote Felicidade Foi Embora, Lupicínio Rodrigues morria em Porto Alegre com 60 anos incompletos, Lupicínio era diabético e há vários anos tratava de forma intermitente das complicações cardíacas e circulatórias comuns à sua moléstia e que acabariam por matá-lo. Mas a um amigo que lhe perguntara a causa de sua súbita hospitalização, respondeu no exato tom dramático e tenso que sempre encheu as letras de seus sambas: ‘Foi o Coração, amou demais‘”.

Viva Lupicínio Rodrigues!

E se você curtiu este nossa arqueologia musical de hoje, meu amigo e minha amiga, que tal dar uma forcinha na divulgação? É bem simples: basta compartilhar o link deste post nas suas redes sociais e nos seus grupos de WhatsApp. Não podemos deixar a obra desse ícone da música de fossa longe dos olhos e ouvidos das novas gerações.

Foto de Gustavo Morais

Gustavo Morais

Jornalista, com especialização em Produção e Crítica Cultural. Pesquisador independente de música, colecionador de discos de vinil e mídias físicas. Toca guitarra, violão, baixo e teclado. Trabalha no Cifra Club desde novembro de 2006.

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