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Especial Nenhum de Nós: as melhores músicas para ouvir, tocar e mais

Em 2021, a banda gaúcha Nenhum de Nós completa 35 anos de carreira. Dos muitos grupos da geração anos 80, A.K.A. BRock, o Nenhum é dos poucos que nunca saiu de cena. Resistindo aos modismos e driblando as crises da indústria fonográfica, as músicas desses caras seguem desmentindo as pseudos e incontáveis “mortes do pop rock” há mais de três décadas.

Os integrantes da banda de rock gaúcha Nenhum de Nós
Nenhum de Nós é uma das bandas mais longevas do pop rock nacional (Foto/Divulgação)

No post de hoje, a família Cifra Club quita uma dívida antiga com a música brasileira popular. Chegou a hora de homenagear uma das bandas mais honestas e unidas do rock nacional. Acima de tudo e antes de qualquer coisa, saiba que ao longo desta nossa conversa, você confere clipes, links para cifras e curiosidades sobre o NDN.

Se prepare para conferir um singelo recorte da “obra inteira de uma vida”. Dessa forma, você será impactado por músicas que promovem reflexões e revisões de valores. Vamos lá?

As melhores músicas do Nenhum de Nós

São 35 anos de carreira, 17 discos, 3 DVDs e 1 EP! Resumir uma carreira tão longeva e frutífera numa playlist com 10 canções, não é tarefa das mais simples. Além de músicas que marcaram presença nas paradas de sucesso, esta nossa seleção resgata faixas que promoverão experiências sensoriais quando você der o play no vídeo.

Prepare aí o seu violão, ajuste seus fones de ouvido e “deixa o sol entrar”! Em outras palavras, aproveite cada momento dessa que é uma das obras mais perenes do pop rock nacional.

Camila, Camila

Clássico indiscutível do BRock, Camila, Camila foi lançada em 1987, no homônimo disco de estreia da banda. Passados mais de 30 anos, a história real de uma mulher vítima de violência doméstica segue atual. Definitivamente, essa é uma canção sobre direitos humanos.

O Astronauta de Mármore

Versão em português para Starman, de David Bowie, O Astronauta de Mármore foi a música mais tocada nas rádios brasileiras no já distante 1989. Por mais que seja impensável para os padrões atuais, o pop rock já liderou as paradas de sucesso. Carregada de simbolismos, metáforas e recortes, a letra foi aprovada pelo próprio Bowie, ou seja, um dos principais faróis artístico da banda curtiu o resultado da obra.

Ao Meu Redor

Em 1992, a MTV era fonte de informação e de alimentação para os amantes de música. Naquele ano, segundo a audiência da emissora, o clipe de Ao Meu Redor foi eleito o melhor do Brasil. Presente na abertura de vários shows do Nenhum, essa música sobre contestação e insatisfação é um perfeito recorte para muita coisa que anda acontecendo nos dias atuais.

Vou Deixar Que Você Se Vá

Fruto de uma parceria do vocalista Thedy Corrêa com Edgard Scandurra, guitarrista do IRA!, Vou Deixar Que Você Se Vá também faz parte do contexto da era de ouro MTV. Lançada em 1996, essa canção envelheceu bem e continua sendo um exemplo de que é possível fundir pop rock com música regional.

Você Vai Lembrar de Mim

O verso “você vai lembrar de mim” aparece várias vezes na música Detalhes, sucesso mundial de Roberto Carlos. Será que Thedy Corrêa buscou inspiração na obra de RC? Mistério! Total certeza, no entanto, é que essa história sobre “beijo de despedida” é uma das mais belas ilustrações musicais sobre fim de relacionamento.

Amanhã ou Depois

A reflexiva Amanhã ou Depois foi lançada em 2001, no disco Histórias Reais, Seres Imaginários. Com o oitavo trabalho da carreira, o NDN entrou no novo milênio fazendo um som coeso, moderno, mas sem perder as raízes e referências nativistas.

FeedBack

FeedBack marca uma parceria da banda com a escritora Martha Medeiros, uma das principais cronistas da literatura brasileira. Além de pura poesia na letra, essa música tem um arranjo de violão que é exemplo de bom gosto! Com sutileza ímpar e uma belíssima fotografia, o clipe dessa canção não teve a projeção merecida… Mas… Antes tarde, do que mais tarde.

Jornais

Também lançada na década de 90, Jornais tem uma das letras mais densas de toda a discografia da banda. Nos versos, Thedy lança seu olhar jornalístico e mostra a realidade nua e crua de um povo que vive esmagado por trapaças e mazelas sociais. Mais atual, impossível.

Outono Outubro

Toda banda tem um tesouro que fica relativamente esquecido, concorda? No caso do Nenhum, a intensa Outono Outubro é uma das músicas que cumprem bem esse papel. Lançado em 2011, no disco Contos de Água é Fogo, esse rock vigoroso fala sobre inquietude, impaciência e vontade de seguir novos rumos.

Foi Amor

Lançada em 2015, Foi Amor marca a parceria da banda gaúcha com a cantora mineira Roberta Campos – grata surpresa da chamada nova MPB. Essa conexão “pão de queijo/chimarrão” rendeu uma bela canção sobre desamor. Portanto, essa parceria faz a “dor de cotovelo” ser entendida por um prisma mais poético.

Os membros do Nenhum de Nós

Atualmente, o Nenhum de Nós é formado por cinco membros titulares [todos eles torcedores do Internacional] e um músico convidado [torcedor do Grêmio, time cujo hino foi escrito por Lupicínio Rodrigues]. A seguir, você confere um pouco sobre essa turma que é sinônimo de talento.

Thedy Corrêa

Vocalista, letrista e membro fundador, também tocava baixo. Atualmente, não é mais o responsável pelas quatro cordas. Acompanhada de um timbre agudo, sua extensão vocal de baixo profundo faz dele um dos cantores mais diferenciados do pop rock nacional. Em 2005, Thedy lançou o interessantíssimo Loopcínio, um disco de releituras para canções de Lupicínio Rodrigues. Ah! Bastante talentoso com as palavras e apreciador da literatura, também já escreveu três livros.

Carlos Stein

Toca guitarra, violão [de seis e doze cordas], lap steel guitar e é membro fundador. Antes de formar o Nenhum, participou da formação original dos Engenheiros do Hawaii. Fã dos mais variados tipos rock, Stein segue referências sonoras que começam em George Harrison e terminam no próximo talento da cena folk independente. Dono de um feeling incomum e bastante visionário, Stein defende a preocupação de entregar arranjos que resistam ao teste do tempo.

Sady Homrich

Pensa num baterista de pop rock, mas com formação musical bem trabalhada no samba? Esse só pode ser Sady Homrich, membro fundador do Nenhum. Nos tempos de faculdade, tocava percussão no Grupo do Fadinho. Apaixonado por gastronomia e por cerveja, escreveu sobre esses assuntos para algumas publicações, incluindo Folha de S.Paulo, Zero Hora, UOL e a Revista da Cerveja.

Capa do disco Mundo Diablo, da banda Nenhum de Nós, lançado em 1996
Mundo Diablo foi o disco que marcou a formação definitiva do Nenhum de Nós (Imagem/Divulgação)

Veco Marques

Veco toca guitarra, violão, sitar, banjo, bandolim, guzheng, entre outros. Influenciado por Peter Frampton, Ace Frehley, entre outros guitar heroes, esse multi-instrumentista injetou uma pegada mais rocker nas composições da banda. Entrou para o NDN oficialmente em 1990, no disco Extraño. Antes de “colar nessa função”, fez parte da banda do lendário músico gaúcho Renato Borghetti, o Borghettinho. Veco é um instrumentista inventivo, inquieto, criativo e nem precisa tocar 147 notas por minuto. Em outras palavras: tenha um cara desse na sua banda!

João Vicenti

O mais gaudério da banda, João Vicenti toca piano, gaita ponto, acordeon, teclados e backing vocals. Em 1990, com o lançamento do disco Extraño, esse gaitero começou a fazer participações especiais nos shows do Nenhum. O batismo de fogo, inclusive, foi no palco do Rock in Rio II, no Maracanã, em 1991. A parceria funcionou tanto, mas tanto, que ele seguiu tocando com os guris. Consequentemente, no lançamento de Mundo Diablo, em 1996, virou membro oficial. Bastante ligado em música folclórica latino-americana instrumental, Vicenti agregou à sonoridade do NDN alguns elementos inimagináveis para um grupo de pop rock brasileiro.

Estevão Camargo

Guitarrista [e dos bons, viu?] por natureza, Estevão Camargo é um dos talentos oriundos da cena independente do pop rock gaúcho. Como baixista, acompanha o Nenhum de Nós desde meados da década de 2000. Além da música, também é desenhista e escultor. Certamente, essa bagagem artística polivalente deixou o DNA sonoro do Nenhum mais encorporado.

Nenhum de Nós 2020

O Nenhum de Nós fechou a década passada com o EP Feito em Casa. Gravado 100% de forma remota, conforme recomenda o protocolo sanitário de 2020, o álbum reúne um total de oito faixas. Seis delas são regravações de alguns hits que a banda lançou ao longo dessas mais de três décadas de carreira. De antemão, te informo que as escolhas foram deveras acertadas.

Capa do EP Feito em Casa, da banda Nenhum de Nós, mostra os músicos rocando instrumentos
O quinteto lançou, em 2020, o EP Feito em Casa (Imagem/Divulgação)

Com o bom gosto de sempre, os caras revisitaram as canções Paraíso, Você Vai Lembrar de Mim, Foi Amor – que mais uma vez contou com os vocais de Roberta Campos, Água e Fogo, Estrela do Oriente e Julho de 83. Certamente, a banda fez escolhas que acalentam vários momentos da vida dos fãs.

As outras duas músicas do repertório do disco são Duas Metades, da dupla Jorge e Mateus e Tudo Novo de Novo, de Paulinho Moska, ou seja, a banda mostra ecletismo. À primeira vista, a regravação de um hit sertanejo pode causar estranheza nos mais conservadores. Em contrapartida, é preciso lembrar que o “pensar fora da caixa” sempre foi uma das intenções do quinteto. Em outras palavras, o NDN ensina que a arte o que muita coisa por aí separa.

Atualmente, assim como todos nós, o grupo vive a expectativa de poder voltar à estrada. Afinal de contas, é no palco que o pop rock se explica e se resolve.

Leia mais sobre pop rock

Conforme visto ao longo de nossa conversa, o Nenhum de Nós é uma banda importantíssima para o pop rock nacional. Abaixo, você confere umas dicas de leitura para se manter em dia com esse estilo tão relevante na música brasileira.

Por fim, mas não menos importante, que tal compartilhar o link deste post aí nas suas redes sociais e grupos de WhatsApp? Desde já, não se esqueça de marcar seus amigos que curtem o que há de melhor no rock nacional. Juntos, somos mais fortes na hora de celebrar essa história que começou há muito tempo, “continua até hoje e só parece melhorar”.

Foto de Gustavo Morais

Gustavo Morais

Jornalista, com especialização em Produção e Crítica Cultural. Pesquisador independente de música, colecionador de discos de vinil e mídias físicas. Toca guitarra, violão, baixo e teclado. Trabalha no Cifra Club desde novembro de 2006.

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