Acordar não é de dentro, Acordar é ter saída. Acordar é recordar-se Ao que em nosso redor gira. Mesmo quando alguém acorda Para um fiapo de vida, Como o que, tanto aparato Que me cerca me anuncia: Esse bosque de espingardas Mudas, mas logo assassinas, Sempre à espera dessa voz Que autorize o que é sua sina, Esses padres que as invejam Por serem mais efetivas Que os sermões que passam largo Dos infernos que anunciam Ei-lo que vem descendo a escada, Degrau a degrau. Como vem calmo. - crê no mundo, e quis consertá-lo. - e ainda crê, já condenado? *já condenado?* - sabe que não o consertará. Mas que virão... *para imitá-lo* Se é procissão que me fazem Mudou muito a liturgia: Não vejo andor para o santo, Nem há nenhum santo à vista. Vejo muita gente armada, Vejo só uma confraria. E tudo é muito formal Para ser uma romaria. Talvez seja só em enterro Em que o morto caminharia, Que não vai entre seis tábuas Mas entre seis carabinas." Mas o sol me deu a idéia De um mundo claro algum dia. Risco nesse papel praia, Em sua brancura crítica, Que exige sempre a justeza Em qualquer caligrafia; Que exige que as coisas nele Sejam de linhas precisas; E que não faz diferença Entre a justeza e a justiça. A vista de nada serviu Lado do sul, nenhum navio. - mas o ouvido, lado do forte, Acusou o estalo de tiros. - não entendeu logo o que era: É surda a forca e seus ruídos. - enfim entendeu: fora à bala Que deram cabo de seu filho.