Quando chegaste ao encontro mais cedo, Falando pouco e com a voz meio-tom, Eu pressenti com uma ponta de medo Que o fim da noite não ia ser bom. O cabaré foi ficando vazio, Paguei a nossa despesa ao garçom, O teu olhar embaçado, era frio Que nem o vidro da luz de neon. Depois, já dentro do meu conjugado, Foste ligando o aparelho de som, Tenso, perdido, distante e calado, Ouvindo as mágoas de um bandoneon. Dormi pesado e com o olho vermelho, Até aqui de cerveja e bourbon. Quando acordei, vi no centro do espelho Um frio adeus rabiscado a batom. Pela janela entreaberta ainda havia Os luminosos do Cine Odeon. E eu sufoquei toda a minha agonia, Triste, chorando no meu edredon.