Eu moro bem lá no mato Não tem nem som de vitrola Lá eu vivo sossegado Não tem ninguém que me amola O meu vizinho mais perto É uma tribo de corola É ouvir meus passarinhos Cantam fora da gaiola Ainda sou pedra bruta Eu sou um caboclo pachola Sou feliz vivendo assim Eu, meu Deus e a viola De manhã vou pro serviço A preguiça não me assola Preparo a minha marmita E ponho numa sacola Chego até queimar a mão No cabo da caçarola Escuto o galo cantando Num galho da carambola E no terreiro o barulho Do “tô fraco” das angolas Sou feliz vivendo assim Eu, meu Deus e a viola Eu faço do tempo o tempo A natureza é uma escola Eu bebo as minhas pinguinhas E a pressão não descontrola Quem canta seu mal espanta E tira a tristeza de sola Até escrevo uns versinhos Quando me vem na cachola Se tenho aborrecimento A viola me consola Sou feliz vivendo assim Eu, meu Deus e a viola Tem porquinhos no chiqueiro Redondinhos que nem bola Tem fartura no terreiro Nunca precisei de esmola Peitoral do puro sangue É de ouro e prata quinze argolas Com pedrinhas de brilhante Num capricho que extrapola Tô com tudo e mais um pouco A miséria lá não rola Sou feliz vivendo assim Eu, meu Deus e a viola Sou feliz vivendo assim Eu, meu Deus e a viola