Quando um cantor de fronteira Canta sua pátria gaúcha Traz o povo na garupa E uma linhagem guerreira No tempo em que poleadeiras Cortavam várzeas distantes Pra sujeitar os rompantas Daquela eguada matreira Quando um cantor de fronteira Abre o peito e toma a frente Canta as coisas da sua gente De alma serena e campeira Não tem cerca nem porteira Que ataque o verso mais chucro Que existo não pra dar lucro Mas pra ser luz e bandeira Pedindo vaza me apeio Se a milonga me convida A fronteira é meu rodeio Razão maior dessa lida Quem não sabe pra o que veio Perde o sentido da vida Quando canto meu legado Me traduz em livro aberto Porque o Rio Grande Eriberto Vem de pinto adelgaçado Pra outra aparte de gado No garro continentino Donde se amanse o destino Consciência e bucal sovado Meu verso é meu atestado De procedência e de marca Nasceu de alguma fusarca Com a cordiona no costado Bem num jeitão despachado De se cantar sem floreio Raparta a cancha no meio Pra debochar do outro lado