Me justei de peão de campo Na Estância da Cordilheira Num rincão de Encruzilhada Terra buenacha e grongueira E me topei com uma eguada Orelha curta e traiçoeira Cria de um cuiudo torto Que veio lá da fronteira E já no primeiro dia Bem na hora da pegada Eu gritei: Frente cavalo E já formou a matungada Me largo um piazote novo Sente as garras na gateada Que é égua de capataz Apartar boi na invernada Eu fui metendo o buçal E arrastei pra o parapeito E logo vi que a gateada Devia ter algum defeito Botei maneia de trava Fui encilhando com jeito E apertei meus Paysandu Bem lá no osso do peito Desabotoei a maneia E alcei a perna com gosto A gateada se golpeia Me dá com a nuca no rosto Não encontrei mais cavalo Só via verde dos pasto Um céu azul de regalo E mal e mal achei meu bastos Tem gente que anda dizendo Que eu só dou pau em ventena Não sabem que a volta é braba E a vida fica pequena Só quem vive nos arreios Sabe a força de um Pavena Que obriga um índio tranqüilo A recorrer nas chilenas Nem sei como me ajeitei Talvez por se muy cristão E fui tenteando na boca Meio a grito e a tirão Vendo que a coisa era feia Enrolei as rédeas na mão Aprumei o cola chata E abri pra fora os ferrão E de lá trouxe cortando Porque a honra tem valor Não tenho as perna ensaboada E mal ou bem sou domador Uma enganchou no sovaco Por baixo do tirador E a outra campeou um buraco Na volta do sangrador Sou crioulo das Três Vendas De raça que não se entrega E a égua afrouxou o garrão Num banhado de macega E de lá veio escarceando Toda suada da refrega Cavalo que eu sento as garras Garanto que me carrega