A madrugada se atora No tirão da recolhida Quando a tropilha estendida Traz nos encontros a aurora Um contrapunto de esporas Junto ao galpão se abaguala Numa cadência que embala A mais pampeana das ânsias Que castiga o peão de estância Mas nem com reza embuçala É assim no mais o volteio Onde a lida dita das normas Do potreiro vem pra forma Da forma vai pro arreios Macanudaço floreio Que se arrincona a função Pois no virar do chergão Sinto que a vida atropela E o mundo entrega as costelas Quando se aperta um cinchão De sol a sol sem sossego Depois do ritual da encilha Busca a volta e se enforquilha Porque ali não tem arrego Se ajoujam, mágoas e apegos Do jeito que mais convém Nunca falta ou sobra alguém Na voz de vamo que atrai Pois lá quem tem poncho vai E quem não tem vai também Pra um peão de campo a volteada Sem refugo vai ou racha Embora o peso da marcha Deixe a alma acalambrada Pra um peão de campo as bolcadas São tocaias do destino Que às vezes por ser malino Sem querer nega socorro Pois quem corta rastro de sorro Roda e só sai por dom divino