Qualquer dia eu junto as garras Encilho o Mouro e fecho as casas Alço a perna no destino que se vai As estradas são caminhos Por onde sonhos e espinhos Traçam rumos desiguais. O meu Mouro tem um sonho Igual ao meu, de ser livre Não importa onde se vai, Nem que tenha que bandear O Uruguay a nado Pra achar o que perdi do lado de cá. E num galope de adeus O aceno dos meus Pelo olhar das porteiras E a minha alma se aninha Por não saber dessas linhas Das minhas próprias fronteiras. Uma lágrima gaviona Molha o meu rosto E se adona e simplesmente se vai Na cacimba das retinas Ausências brotam rimas Para regar o Uruguay. E se um dia eu me extraviar Pelos caminhos deste mundo E o meu Mouro der de rédeas pra voltar Hey de afinar minha guitarra Pelo canto das Cigarras Que me esperam pra matear. E as estradas me contemplam ao partir Num silêncio que aperta o coração, Sou mais um paysano triste Que solito ainda insiste Em buscar outro rincão