Tudo lá no morro é diferente Daquela gente não se pode duvidar Começando pelo samba quente Que até um inocente Sabe o que é sambar Outro fato muito importante E também interessante É a linguagem de lá Baile lá no morro é fandango Nome de carro é carango Discussão é bafafá Briga de uns e outros Dizem que é burburim Velório no morro é gurufim Erro lá no morro chamam de vacilação Grupo do cachorro em dinheiro é um cão Papagaio é rádio Grinfa é mulher Nome de otário é Zé Mané (2x) Numa vasta extensão Onde não há plantação Nem ninguém morando lá Cada pobre que passa por ali Só pensa em construir seu lar E quando o primeiro começa Os outros depressa procuram marcar Seu pedacinho de terra pra morar (2x) E assim a região sofre modificação Fica sendo chamada de a nova aquarela E é aí que o lugar Então passa a se chamar favela (2x) Se o operário soubesse Reconhecer o valor que têm seus dias Por certo que valheria Duas vezes mais o seu salário Mas como não quer reconhecer É ele escravo sem ser De qualquer usurário (2x) Abafa-se a voz do oprimido Com a dor e o gemido Não se pode desabafar Trabalho feito por minha mão Só encontrei exploração Em todo lugar Se o operário soubesse Reconhecer o valor que têm seus dias Por certo que valheria Duas vezes mais o seu salário Mas como não quer reconhecer É ele escravo sem ser De qualquer usurário (4x)