Aqui, nessa vida de bar, já cansei de escutar Muito barulho, muito tiro, muito blá, blá, blá Então cuidado pra não ser o próximo da lista A ficar na mira do bandido ou da polícia Os dois usam capuz e óculos escuros São os mesmos que com o ferro te encostam no muro Levam sua carteira Aí, sem brincadeira Qualquer reação, vira peneira Aqui neste lugar não existe lei Se cochilar, vixe Se vacilar, pei Já era! Pois você sabe como é ser um morador dentro da favela? Acordar de madrugada com barulho de tiros na sua janela Rajada de pistola, que seus miolos estouram Missa de 7° dia, rezada em sua memória Vê se acorda Cai na real, malandragem Não queira ser o próximo a fazer uma viagem pro além Pois aqui nessa terra você é um zé ninguém Apenas um refém De toda essa merda que acontece aqui A casa vai cair e você vai se ferir Mas aí, você se julga ser esperto demais As coisas mudaram, você ficou pra trás Viver do crime, que vantagem tem? Dinheiro fácil sempre vai, sempre vem Viver do crime, que vantagem tem? Conte os corpos e diga amém! Viver do crime, que vantagem tem? Dinheiro fácil sempre vai, sempre vem Viver do crime, que vantagem tem? Conte os corpos e diga amém! Você me diz que ser malandro é interessante Só que a cada dia eu só te vejo mais distante Da sua família, dos seus filhos De bocada em bocada, correndo perigo Dando tiro, levando tiro Pra polícia, apenas mais um fugitivo Que não merece respeito, apenas pipoco no peito Na periferia é assim Qualquer um tá sujeito Amanhecer no beco, jogado, na solidão Olha lá, mais um corpo estirado no chão! Espera aí! A favela também tem suas dignidades Trabalhador honesto, que luta em prol da felicidade É certo que as vezes é encostado no muro Apanha na cara, leva chute de coturno E nada podemos fazer, a não ser rever tristes cenas na TV O maior meio de manipulação Os cara de gravata não trás solução Em tempos de eleição, sobem no morro Pegando criancinhas no colo, dando beijinho no rosto Depois que ganha some, desaparece Joga o pobre na cadeia e lá apodrece E é aí que o maluco se revolta Com uma pistola faz um banco, uma (ininteligível) e as padoca, há E pra cadeia, ele volta É isso o que o sistema quer Ou não é, ow mané? Por isso, então, procure a sua paz Porque a minha eu tô correndo atrás Viver do crime, que vantagem tem? Dinheiro fácil sempre vai, sempre vem Viver do crime, que vantagem tem? Conte os corpos e diga amém! Viver do crime, que vantagem tem? Dinheiro fácil sempre vai, sempre vem Viver do crime, que vantagem tem? Conte os corpos e diga amém! Infelizmente, na periferia é assim São raros os momentos de alegria, tristezas enfim Eu vejo sangue escorrendo no asfalto É mais um corpo estirado de papo pro alto Foi na sequência, três pipocos na cabeça Jogado na madrugada de quinta pra sexta No sábado ia rolar o maior frevo Infelizmente agora, fazem o seu enterro Os colados lamentam, família em desespero Seu filho chora, trancado, dentro do banheiro Eu só espero que um dia possa reinar a paz Então faça sua parte, que a minha eu tô correndo atrás Abençoado seja seu santo nome, Deus! Faça de mim um grande homem Livrai-me dos inimigos, da bandidagem, da polícia Não quero ser (Apenas outra vítima) Viver do crime, que vantagem tem? Dinheiro fácil sempre vai, sempre vem Viver do crime, que vantagem tem? Conte os corpos e diga amém! Viver do crime, que vantagem tem? Dinheiro fácil sempre vai, sempre vem Viver do crime, que vantagem tem? Conte os corpos e diga amém!