Tomei um soco do sol na cara Meu despertador natural Lavei o rosto, saí pro quintal Cansei de telejornal de sangue, carne espirrando Pensei em fazer uns versos vegetarianos Falei com Deus, meu nutricionista espiritual Que disse pra eu evitar, de me alimentar do mal Mas se a gente é o que come Quem não come nada some! Por isso ninguém enxerga essa gente Que passa fome! Eu fiz meu rap virar cereal, cerebral matinal Pra os moleque não morrer de desnutrição mental Trocar os programa enlatado, lotado de conservantes Por um instante, por ni brisant Conservantes, vim pra impregnar (rá) tipo cheiro de Cheetos E atravessar as gerações, que nem os Beatles Só vou desistir, abortar a minha missão Quando a educação aqui virar ostentação [Arnaldo Antunes] Tudo vem do vem, tudo vem, do vento vem tudo Vem do vento, do vento vem tudo Loucura, dieta lembra ditadura Onde a gente tem que fechar a boca, ficar na moral Todo regime radical faz mal Regime militar, alimentar, talibã Drogaria, socorro imediato, CPF na nota A farmácia é uma biqueira com CNPJ Igual a mim aqui, quantos fí de mãe solteira Que viu no rap ali, um pai pra vida inteira Já engoli sapo de patrão, até umas hora E por não querer ser robô, fui mandado embora E eu fui embora, atrás do meu sonho: Viver da música Cansei de dar meu talento pra aquela metalúrgica Operário padrão dentro de uma fábrica Quer saber o que eu fazia, fazia lágrima! Deixei de ser o mecânico, da oficina cinzenta E hoje uso as palavras como ferramenta Mas nem esquenta, são 30 primavera primo! To firmão, de corpo e alma, honrando a missão Onde os abraços são falsos e o beijo é técnico, dá um saque! As ruas tem mais câmeras do que o Projac Cuidado irmão, não vai jogar tudo pro alto Pra tirarem tua liberdade, isso que é assalto! Tudo vem do vem, tudo vem, do vento vem tudo Vem do vento, do vento vem tudo Tudo vem do vem, tudo vem, do vento vem tudo Vem do vento, do vento vem tudo