Venho lá da Vista Alegre pregueando boi no carreiro com honra sou carreteiro e bem gaúcho é que sou usando a guilhada grande eu ainda sou Rio Grande passado que não passou. Sou a história da carreta tradição que não morreu sou o tempo que se escondeu atrás da curva da estrada onde o pneu do pregresso por ser difícil acesso nao descobriu sua entrada. E carreteando eu vou longe firmando o pé na macega enchendo os olhos de légua das léguas nada me encerra eu subo e desço lançante com minha casa ambulante cheia de frutos da terra. (refrão) E a carreta corta o vento parceira dos madrigais rechinando uma milonga pra os campos do nunca mais. Se a noite chega e me agarra cruzando de certo campo em meio ao campo eu acampo sem medo de assombração ouvindo ao longe o aboio das águas claras do arroio minando minha solidão. E quando eu canto uma milonga no vai e vem da carreta o tinido da palheta repica igual ao sincerro e eu me vou quebrando a ponta do verso quando ela aponta despontando atrás do cerro. E quando a lua se empaca no céu ouvindo a milonga na claridade se alonga o meu cantar milongueiro e a minha carreta flutua cheia de versos e luas e sonhos de carreteiros. (refrão) E a carreta corta vento parceira dos madrigais rechinando uma milonga pra os campos do nunca mais.