Parece até que fui parido de a cavalo Um bom gaúcho não pode andar de a pé Eu me criei esparramando a jueira Não é de valde que nasci no bororé Um par de esporas, maneia forte e buçal E um sovéu de três ramal pra lidar com égua gaviona Veiaqueava e eu levanta os quartos a laço Do pescoço inté o sovaco de cortar a minha chorona Quanta china já dormiu nos meus pelegos Isso é segredo, não gosto de revelar Vou lhe falar só de égua que veiaqueia E quanta linda peleia eu me obriguei a escorar Não sou nervoso e nem tampouco sou bandido Sou apenas divertido, gosto muito de brincar A mim me agrada dar um rechego de facão De quando em vez um beliscão que é pro inimigo se alertar. Eu fui nascido neste torrão brasileiro A minha pátria eu lhe garanto que é o rio grande Sou gaúcho, veja bem que isso é uma raça Sou bororiano e me basta por qualquer lugar que eu ande. Se por acaso um dia a morte me vier O companheiro que puder me faça cruzar num butuí Pois toda fruta não fica longe do pé Me levem pro bororé e me plante de novo alí