Sou Montaraz, meu amigo, e gosto do meu serviço Vivo nos matos solito, dormindo numa tarimba Pau que eu não tiro no ombro, uma junta de boi não tira E tenho o couro mais forte do que a casca da Imbira Conheço a natureza e a força que ela tem E pela casca, a madeira das árvore' que são de lei Conheço também aquelas que todos os males cura' E, com a água a meia turva, o jujo que me faz bem Moro lá no Capão Feio, amaseado c'o a Guajuvira Na sombra dela, eu mateio despôs que paro na lida Tenho um cusquinho Brasino que é o meu fiel companheiro Um facão e uma puínha e um machado de falquejo Eu conheço bem as fera', sei onde o perigo habita A Cruzeira não me pica e a Quatiara também não E a Coral de malha forte que tem o couro malhado O veneno tá concentrado na ponta do meu facão Minha Guajuvira é grossa e eu sou grosso também Mas é a madeira mais dura que dá o porrete de lei Foi até que melodia que levou o braço do peão Por isso, minha Guajuvira, nós andemo' em extinção Que nem Angico Vermelho, daquele que é revesado Daquele Angico que é brabo e duro de se lascar Eu e a minha Guajuvira andemo', nós dois, solito' No mundo dos Mariquito só o tempo vai nos honrar