No bico do urutau geme a tristeza Das almas esquecidas deste chão Que choram de saudade e incerteza Nos campos, a pedir em oração No bico do urutau a morte grita Cortando, num lamento, a imensidão E a noite, que dormia tão aflita Se esconde com o véu da cerração E a noite, que dormia tão aflita Se esconde com o véu da cerração Por isso, o meu semblante é tão tristonho O tempo não espera sem razão De dia, de dia, traz o Sol que acende o sonho De noite, de noite, o urutau e a solidão No bico do urutau se foi a vida As tropa', as carreta' e galpão O vento vem fazendo a recolhida Trazendo a tão falada evolução O vento vem fazendo a recolhida Trazendo a tão falada evolução Mas, quando a noite apaga a luz do dia E um grito vem trazer desilusão É o bico do urutau que anuncia Que, um dia, eu hei de ser assombração Já não existe tropa e o tropeiro Não tem um outro ofício ou vocação Eu trago meu destino nos arreio' E um grito de urutau no coração Eu trago meu destino nos arreio' E um grito de urutau no coração Já não existe tropa e o tropeiro Não tem um outro ofício ou vocação Eu trago meu destino nos arreio' E um grito, um grito de urutau no coração