Minha mãe, me acorde cedo Pode ser de madrugada Quero saltar da carona Junto com a estrela d'alva Quero ir lá pra Sant'Ana Tentear a ferpa numa potrada Me dá licença, patrão Passe pra diante, bom peão Boleia a perna, amigaço Desencilhe o redomão Vejo que está domando Por isso vou perguntar Mas se é daqueles que doma Ou só ensina de andar Se viu que estou domando Que o meu ofício é domar Pode mandar voltear a eguada Que amanhã quero pegar Vou apartar só os veiaco Pra botar o meu buçal Só o que berra no laço Que pateia no bocal No outro dia bem cedo As quatro da madrugada Quando eu vi, veio o patrão Tá na mangueira a eguada Tinha um baio cabos negros Que me chamou a atenção Só com a chincha e a peiteira E a argola do travessão Me disse: -É de ser abolido É louco de caborteiro Derrubou o domador E se escapou co's arreio Eu disse: -Eu não me importo Se o senhor não se importar É abolido mas meus caco Ele não vai extraviar Esse é bom porque é veiaco E não precisa adelgaçar Tinha uma China bonita Lá em cima do sobrado Que me olhava com encanto Me deixando apaixonado Esse é dono dos arreio Disse ela pro patrão Vai riscar de espora o baio E amansar meu coração Alcei a perna no baio E já encontrei roncando E antes de me estribar Já trouxe a pata cortando Cada corcóveo que dava Me levantava as melena E eu tirava o chapéu E abanava pra morena E o baio ia berrando Se trompeando nas chilena Alo largo e alo lejo A estância, um dia deixei O baio, eu quebrei do queixo E a morena, eu carreguei Hoje tenho no meu rancho Uma China que me ama Essa é a história de um gaúcho Lá do Rincão de Sant'Ana