Quando o carteiro chegou e o meu nome gritou Com uma carta na mão Ante surpresa tão rude Nem sei como pude chegar ao portão Lendo o envelope bonito O seu sobrescrito eu reconheci A mesma caligrafia que me disse um dia Estou farto de ti Porém, não tive coragem de abrir a mensagem Porque, na incerteza, eu meditava, dizia Será de alegria ou será de tristeza? Quanta verdade tristonha ou mentira risonha Uma carta nos traz E assim, pensando, rasguei sua carta e queimei Para não sofrer mais Todas as cartas de amor são ridículas Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas Também escrevi, no meu tempo Cartas de amor como as outras, ridículas As cartas de amor, se há amor, têm que ser ridículas Quem me dera o tempo em que eu escrevia, sem dar por isso Cartas de amor ridículas Mas, afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor É que são ridículas Porém, não tive coragem de abrir a mensagem Porque, na incerteza, eu meditava, dizia Será de alegria ou será de tristeza? Quanta verdade tristonha ou mentira risonha Uma carta nos traz Assim, pensando, rasguei sua carta e queimei Para não sofrer mais