Eu adoro! De longe! A beleza dos cocás e maracás Da dança das tucandeiras, a linguagem, os rituais Índio! herdeiro da terra Orgulho de brasileiro Qual é mesmo o seu dia? Posso invadir sua reserva? Índio é símbolo de riqueza! Pra que precisa de terra? Fiquem sabendo todos Que nossos índios são fortes E ainda que os matemos Sobrepujam a própria morte Acho lindo o nome índio Soa bonito, encantante Acho que vou adotá-los Mas pra onde vou mandá-los Oh, índio guerreiro que outrora caçava com flecha Andava perambulando maltrapilho pela floresta O que a Europa vai pensar? Que o meu povo te detesta? Não! não, não, não! Quero que uses calção Quero que comas com garfo E não andes mais de pé no chão De hoje em diante só sapato Chega de caçar com flecha Tome sardinha enlatada Sabe lá o que tem nessas matas, meu deus! Tifo, dengue, malária! Eu adoro! De longe Esse povo, pulsa pálido em minhas veias Um sangue de índio novo Gosto de ver na TV A maloca amanhecendo num sombroso e belo dia De um lado verde da mata Indiozinhos a brincar num infindo tom de alegria Do outro eu, a TV, o sofá e a minha doce hipocrisia