Eu vi num armazém de Niterói Um velho que se julga herói E teme em ser conquistador Lá no Banco do Brasil Depositou mais de três mil Botando água no vinho do barril Seus lábios só se abriram para falar Das velhas contas a cobrar Dos que morreram sem pagar Eram dois lábios agressores Dois grandes cobradores Dos seus devedores Seu cabelo tinha cor de burro Quando foge do amansador Seus olhos eram circunflexos Perplexos e desconexos Mãos de usuários, braços de cigalho Corpo de macaco chipanzé maduro Enfim, eu vi neste velhote Um imortal pão-duro Seu cabelo tinha cor de burro Quando foge do amansador Seus olhos eram circunflexos Perplexos e desconexos Um bigodão na cara indiscreta Feito bicicleta com guidão de fora Enfim, o velho nunca mais Se casa com a senhora Mãos de usuários, braços de cigalho Corpo de macaco chipanzé maduro Enfim, eu vi neste velhote Um imortal pão-duro