Abre vossa porta que eu venho ferido Preciso de ajuda de vosso marido Se vives ferido pode ir de vez embora Que a minha porta não se abre agora Não se abre agora, pra mim vais abrir Eu sou um pobre cego que ando a pedir Se canta e pede dai-me pão e vinho E trate a este cego com todo carinho. Não quero teu pão, nem quero teu vinho Só quero que ana me ensine o caminho Levanta-te ana pega o roto e linho Atenda este cego que anda sozinho Minha tristeza nesta noite escura Não vejo de ana sua formosura Acabou-se meu roto, desfiz o meu linho Adianta-te cego e vais no caminho. Tem paciência oh, ana mais um bocadinho Preciso de ajuda só mais pouquinho De duques e condes já fui pretendida E hoje de um cego me vejo rendida Cala boca oh, ana, cala boca aí Eu sou aquele conde que te pretendi Meu Deus do céu, a virgem maria Eu nunca vi cego com cavalaria Se nunca tu viste serás agora De cavalaria a campo a fora; Quanta maldade, tanta ingratidão Estou sendo roubada por um pelotão. Juraram bandeira lá em certa altura Pra verem-te ana, sua formosura Adeus minha casa, adeus minha terra Adeus minha mãe que tão falsa me era.