Só te peço, gaiteiro serrano Que o teu toque campeiro não mude Quando escuto um gaiteiro serrano Um cantor e um violão campesino Dou de rédeas pra trás alguns anos Pois me lembro de um tempo menino Um bodoque, um mato de angico Um riacho e um banho de poço Nas quebradas da velha são chico Num piscar, quando eu vi, fiquei moço Só te peço, gaiteiro serrano Que teu toque campeiro não mude Seja forte igual vento minuano Seja reto igual água de açude Quando escuto um gaiteiro serrano Levo fé que não morre o trancão Porque ele dá mostra do pano De um estilo forjado em galpão Um gorjeio, um tajã anunciando Um semblante na curva do rio Sou eu mesmo, em sonhos, voltando Pra dançar outra vez o bugio Só te peço, gaiteiro serrano Quando escuto um gaiteiro serrano E o compasso que só ele tem Me transporto pros campos lageano' Pois me bate saudade de alguém O olhar, um adeus na porteira E o pedido que apeie do pingo Mas a vida pra mim é ligeira No que eu chego, tô logo partindo Só te peço, gaiteiro serrano Quando escuto um gaiteiro serrano Eu enfrento as topadas do dia Pois lhes digo, não hay desengano Se a alma tá leve e macia Liberdade brotando com a aurora Um perdão e um desejo de paz Coisas raras no mundo de agora Mas que a gaita serrana me traz Só te peço, gaiteiro serrano