Uma freada e um barulho estridente E sua vida passa toda na sua mente Um bom ladrão sempre conta com a sorte Tantas vezes conseguiu escapar da morte Quando criança conheceu seu verdadeiro inferno Sobrevivente na febém, era mais um interno Testemunhou uma cela que pegava fogo E três caras que gritavam por socorro Se debatiam e morreram ali queimados O monitor não quis abrir o cadeado Viu de perto como era o sistema Resolveu se adequar pra não dar problema E o assistente social ficou do seu lado E finalmente ele foi desligado Saiu de lá e foi trampar em uma oficina Que também era uma boca de cocaína E muita gente diferente baixava lá Ele parava, olhava, tentava imitar E muita coisa ele queria e não podia ter Ele pensava e não sabia mais o que fazer Na moral ele queria era só curtir Começou a roubar pra se divertir Quando metia uma caranga ia pra esquina E convidava os camaradas, e convidava as minas Pra dar uma banda de caranga na cidade Dirigindo sempre em alta velocidade Na mesma noite ele metia três ou quatro carros Ele ficar com o mesmo carro era raro Em pouco tempo ele fazia o serviço Abria a porta, dava a ignição e era isso E se abria de correria com a lata Fissurado em opala diplomata Ele roubava sem usar de violência Muitas vezes nem media as conseqüências Se arriscava por tão pouco, quase nada Só pegava o toca fita e se largava E mesmo assim, várias vezes ele foi em cana A polícia conhecia bem a sua fama E com moral ele mostrava a foto no jornal Destaque principal na página policial E sua laje apareceu na tv Viu sua fama crescer e nesta hora pôde entender Que as paradas que ele fazia Era pelo sentimento de exclusão que ele sentia Começou a se envolver na pilha dos amigos Muito pilhado nem notava o perigo E um camarada planejava uma parada Deu a morta, "não dá nada, vai ser barbada" Ele só tinha que fazer o que melhor sabia Levantar uma caranga em plena luz do dia Dar um cavalo até o banco e dar um tempinho E depois dar um pinote nos porquinhos E eles entraram no banco atirando Queimaram o guardinha que rezava ali chorando Foram pegando toda grana disponível Mas não estavam preparados para o imprevisível O cofre aberto estava perto de dar tudo certo Estavam sendo filmados pelo circuito interno E um guardinha assistia pelo monitor A policia invadindo pelo corredor E o alarme começou a tocar Começaram a atirar, a gritar, vamos se largar E pelo rádio ele escutava a notícia Qual seria a estratégia da policia Dentro do banco um da quadrilha foi fuzilado O corpo todo perfurado, estava mutilado Um conseguiu pegar a grana e sair Ele esperava com o motor ligado, começaram a fugir A viatura perseguia e atirava pra caralho Numa quebrada conseguiram despistar os otários A caranga eles dispensaram Em um barraco na pedreira eles se moquiaram Mas não foi por muito tempo a casa caiu Um cagüeta viu, a polícia veio e descobriu E os dois foram enquadrados, foram espancados Nenhum contou que o dinheiro estava enterrado Um deles tinha vários homicídios pra pagar Era fugitivo, por muito tempo ele ia mofar E combinaram que o primeiro que fosse sair Guardava a grana pra depois eles dividir Uma freada e um barulho estridente E uma bala se aproxima lentamente E lá estava lhe esperando o seu sócio (é que negócios são negócios) E no meio de uma multidão Vê seu corpo estendido ali no chão Vai se afastando lentamente Indo embora para sempre