Na minha terra a capelinha É simples, pequenininha Mas porém como é bonita! Toda de branca pintada E fica assim numa chapada No arraia de Santa Rita É uma igrejinha modesta Mas quando é dia de festa Da padroeira do lugá Fica que é uma boniteza E o pessoár da redondeza Vai tudo ali pra festá Quando eu era inda menino Era eu que tocava o sino E com que sastifação É que eu cuidava do artá Que limpava os castiça E ajudava o capelão Despois quando fiquei moço Eu me lembro com que arvoroço Eu vi as festa chegá Só pra morde as moreninha Que faceira e bonitinha Vinha festá no arraia E anssim que um dia Um ano os índio tava berando Foi numa festa de São José Foi que eu vim a conhecê Aquela que haverá de sê Um dia minha muié Na capela nóis se via Tudo a festa, até que um dia Resorvemo se casá Na capela se encontremo E ali memo nóis casemo Numa vespra de Natá E pouco tempo despois Que alegria pra nóis dois Padre Estevam, ô padre bão! Batizou nossas criança Juquinha, Zé, Constança E despois, por fim, Bastião Mas o que é bão pouco dura E um dia, que amargura! Um dia não sei pruquê Rosinha, que judiação Sentiu dor no coração E ficou ruim pra morrê Eu corri lá na capela Acendi todas as vela E caí de jueio a rezá E nos pés de Santa Rita Desesperado, a arma aflita Pedi pra Rosa sarvá Pedi, eu roguei, eu fiz promessa De fazê uma festa Dessas de até dá o que falá De eu fazê com o meu dinheiro Que nunca outro festêro Fez nas festas do arraia Mas quá, nada adiantou Quar quê! Foi-se embora meu amô E foi bonita como na vida Tudo de branca vestida E tudo coberta de flô E foi lá, na capelinha Onde eu conheci Rosinha Onde garremo a se amá Foi lá que nóis se encontremo Foi lá que nóis se apartemo Pra nunca mais se encontrá Eu fiquei anssim como loco Porque palavra de caboclo Inté perdi minha fé Num entrei mais na capela Nunca mais passei por ela Nunca mais lá pus meus pé Agora, às vez de tardinha Ouvindo as Ave-Maria Na capelinha tocá Escuitando a voz do sino Que eu toquei quando menino Sem querê garro a lembrá Tudo que ali se passo As alegria, as dô Que já tá longe, pra trás Mas que tá sempre presente E que o coração da gente Não se esquece nunca mais