Eu fui criado em fazenda, domando potro selvagem Todos que me conheciam gabavam minha coragem Laçava o boi que eu queria, desgraça achava bobagem Para peão pretensioso nunca rendia homenagem Boiada vendida, eu fazia o transporte Não tinha perdida, abusava da sorte Laçar em descida era o meu esporte Brincava com a vida e zombava da morte Eu fiz vinte e quatro anos, minha pequena existência Para uma estância maior eu mudei de residência De um peão do meu porte o patrão tinha urgência Com seis meses de trabalho peguei fama na querência Reforme a fazenda, falou o patrão Não quero emenda, só renovação Agora me entenda, foi sem intenção Entrou uma prenda no meu coração A moça me perseguia com seu olhar feiticeiro Quem era eu pra casar com a filha de um fazendeiro Um dia ela me falou não interessa o dinheiro Sei que tu também me ama, nosso amor é verdadeiro E virou as costas não lhe falei nada Sem dar a resposta, me fui pra invernada Pensando a proposta, cuidando a boiada Quando dois se ama, é o fim de uma estrada Ela era filha única, mãe ela também não tinha Começamos o namoro e eu amava ela todinha Quando seu pai descobrir vai virar galo de rinha Aí podemos brigar e como ela vai ser minha Seu pai me falou e ela sorria Nunca me contou que ele sabia Fazendeiro eu sou lá em vacaria Comigo casou a moça que eu queria