Eu conheci uma mulher que era marchante Vendia carne de segunda e de primeira Fazia força pro sustento da familia Era viúva e não andava em gafieira Levava carne pros meninos e pras meninas Na sua casa ninguém ficava na míngua Mas ela mesma não comia quase nada Porque do boi ela só gostava da língua Ela gosta de lingua, ai que demasia Lingua no cozido, no assado todo dia. Ela já anda espalhando essa mania A vizinhança também já tá viciada Naquele bairro quando o boi chega do açougue Todas as linguas já estão encomendadas Se eu pegar o linguarudo que conheço Que fica rouco e tem até nó na goela O seu oficio é falar da vida alheia Eu quero ver a sua lingua na panela. Ela gosta de lingua, ai que demasia Lingua no cozido, no assado todo dia.