Dia desses tava em casa, pensando com meus botões
O culto à ignorância já congrega multidões
Ser escroto e moralista é desejo estimado
Espezinhar minorias já deixou de ser pecado

Os pastores vão guiando o rebanho ao matadouro
Em nome do Deus-mercado, do pobre se arranca o couro
Boa parte da justiça mete o dedo na balança
A caneta empoderada, dos ricos engorda a pança
Dos ricos engorda a pança

Falar mal da educação, destruindo professores
É o esporte predileto nesse circo dos horrores
Defender índio e sem-terra virou crime pavoroso
Mas matar pobre e gay está voltando a ser honroso

Destruir e acabar virou mantra dessa gente
Têm armas no coração e na cabeça doente
E matar, matar, matar virou hino de igreja
E pensar de outro modo
É cabeça na bandeja, é cabeça na bandeja

Agridem a natureza com grande satisfação
Envenenam as pessoas em nome da produção
Isso mostra que o dinheiro vale mais do que a vida
Essa gente indecente, de bom senso é desprovida

Uma ciência da morte se opõe à inteligência
O planeta adoecido pede socorro e clemência
E os indecentes festejam quando queima a floresta
Sou idiota perfeito, têm bem gravado na testa
Têm bem gravado na testa

O ódio ao diferente, buscam no livro sagrado
Pensam assim que vão pro céu e Jesus que está errado
O argumento que têm é o argumento da bala
O preto que fique quieto e retorne pra senzala

A mulher que murche a crista e retorne pra panela
E o homem volte a ser alguém superior a ela
Eu já ia esquecendo de dizer que ainda tem jeito
Apesar do bem ser lento, nenhum mal será perfeito
Nenhum mal será perfeito