Há um rio no meu olhar
Que no fundo é menos frio
E mais claro quando desce;
Oiro e luz a naufragar
Cobrem cascos de um navio
Sobre o corpo que arrefece
Devagar percorro a estrada
Entre sonhos que se acendem
E me cegam loucamente
Se o que vejo é quase nada
Os desejos que me prendem
Estão em tudo á minha frente
Estranhamente a solidão
Pouco a pouco se deforma
Numa esperança sem medida
Só Deus sabe qual a razão
Porque a vida se transforma
E nos pede outra saída
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